terça-feira, 31 de julho de 2012

AFRICANOS NA AMÉRICA ANTES DE COLOMBO

A SAGA DO REI ABUBAKARI II - AFRICANOS NA AMÉRICA ANTES DE COLOMBO


clip_image010

Imagem que simboliza a presença de africanos na América 500 anos antes dos Europeus

"As civilizações negras foram as primeiras civilizações do mundo. O desenvolvimento da Europa esteve na retaguarda, pela última idade do Gelo, um assunto de uns cem mil anos"
Cheik Anta Diop

Os povos africanos migraram para civilizar o planeta antes que os habitantes da Europa estivessem em estágios de desenvolvimento científico. Da África, as populações humanas aprenderam a dar os primeiros passos civilizatórios e científicos.
Contudo, com o regime de escravidão os africanos e seus descendentes na América foram privados de importantes conhecimentos ancestrais, ao passo que conhecimentos pedagogias racistas baseadas na ausência da ancestralidade, na negação do nosso passado em África e no aprendizado forçado da história e ideologias européias, foram impostos como únicas e verdadeiras.
Nas escolas, ensina-se que a nossa história começa com o maldito tráfico negreiro. Somos adjetivados somente como descendentes de escravizados. Omite-se, ainda, a relatar que nossos ancestrais foram prisioneiros de guerra e covardemente seqüestrados com o apoio de duas grandes religiões o cristianismo e o islamismo.
É de suma importância que esta pedagogia seja reelaborada, e a história apresentada anterior às guerras dos invasores europeus em África.
Nessas importantes reelaborações da história mundial, antes da influência da pedagogia eurocêntrica, diversas mentiras, tidas como verdades, estão sendo desmitificadas. O historiador e dramaturgo Mali Gaoussou Diawara tem organizados diversos trabalhos que propiciam essa releitura.
Mali Gaossou Diawara, natural do Mali, nasceu em clip_image001

Ouelessebougou, a 80 km ao sul de Bamako, estudou o ensino primário e secundário no Mali, jornalismo e letras na extinta União Soviética e também o seu doutoramento (Ph. D) (Especialidade em Dramaturgia). Ele é o autor de trabalhos premiados, várias peças teatrais são apresentadas e estudaras em escolas e universidades, no Mali. Diawara é um Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito da França, Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito do Mali, vencedor do Prêmio UNESCO para a poesia e prêmio drama Cross-Africano.
clip_image002
Diawara afirma em seus escritos que os africanos “descobriram” a América quase dois séculos antes do desembarque fatídico do judeu Cristóvão Colombo. Em suas pesquisas, têm informado e explicado que o silêncio dos griots, os maiores historiadores da história oral africana, tem-se quebrado, paulatinamente, no intuito de divulgar a história de Abubukari II e sua saga pelo Oceano Atlântico.

clip_image003Griots do Mali

Até então, a fascinante história de Abubakari II tem permanecido resguardada e esquecida, por ele ter renunciado ao trono do Império de Mali.
Seu sucessor, Kankan Mansa Musa, o décimo imperador Mansa, ou imperador do Mali durante seu auge no século XIV, entre os anos de 1312-1337, tornou-se famoso por ser um dos grandes benfeitores do conhecimento em Timbuktu. clip_image004Mansa Musa no game Civilization
Durante o período do reinado de Mansa Musa, houve um crescimento do nível de vida urbana nos grandes centros do Mali, especialmente em comparação com o relativo atraso da Europa. Musa fez do Mali um dos principais centros mundiais de conhecimento, estrutura urbana e riquezas.
Mansa Musa também ficou conhecido por sua peregrinação a Meca, onde constituiu uma caravana com mais de seis mil pessoas, incluindo mais de cem camelos carregados com mais de 300 kg de ouro cada.
Ao contrário de Mansa, Abubakari II possuía uma sede insaciável por conhecimento. Diawara o descreve como um monarca Africano que abdicou do trono em 1311 e partiu para descobrir se o Oceano Atlântico, era grande como o grande rio Níger. A meta do imperador malinês era descobrir se o oceano Atlântico tinha outra margem - como tinha o rio Níger, que cortava os seus domínios.
A saga de Abubakari II não foi aceita por seus conselheiros, que instruíram aos griots que não relatassem sobre esta grande proeza. Contudo, as pesquisas de Diawara têm trazido à tona uma riqueza de informações sobre grande parte da história do império de Mali, que foi deliberadamente ignorado pelos griots,clip_image005 tornando-se mais uma das provas incontestes do desenvolvimento cientifico africano.
Pesquisadores afirmam que a frota de Abubakari II era formada de 2.000 barcos carregados com homens, mulheres, alimentos para o gado e água potável, partindo do que é a costa de Gâmbia atual. O imperador Abubakari II deu-se todo o poder do ouro que possuía, em buscar o conhecimento e descoberta no Grande mar além do rio Níger, nunca mais voltando a sua terra natal e provavelmente se estabelecido com o seu povo nas Américas.
Abubakari II, também era conhececido como Mande Bukari, vivia próximo da mais completa universidade do mundo, a época, na cidade de TIMBIKUTU, sede da Universidade de Sankoré.

 

 

 

 

clip_image006Timbikutu

De acordo com Mark Hyman, autor do livro - Blacks Before America-, Abubakari II estava interessado em histórias de estudiosos de um "mundo em forma de cabaça, o grande oceano a oeste e o novo mundo para além desse. Hyman afirma que os maleses entrevistaram navegadores e construtores do Egito e de cidades do Mediterrâneo, decidindo construir seus próprios navios na costa da Senegâmbia. Os preparativos para a viagem incluiu carpinteiros, ferreiros, navegadores, mercadores, artesãos, joalheiros, tecelões, mágicos, adivinhos, pensadores e o militares, e que todos os navios puxaram uma fonte de barco com os alimentos clip_image007por dois anos, carne seca, grãos, frutas em conserva em potes de cerâmica, e de ouro para o comércio.
Diawara realiza em seu livro, Abubakari II, Explorador Mandingo (tradução livre de Abubakari II, Explorateur Mandingue), a síntese de mais de vinte anos de pesquisa sobre o imperador, que em 1312 renunciou voluntariamente ao poder de vasto império no Oeste Africano.
As pesquisas de Diawara, embasadas em provas arqueológicas, lingüísticas e na tradição oral dos griots, comprovam, mais uma vez, a presença Africana nas Américas antes da chegada dos invasores europeus.
Segundo Tiemoko Konate, um dos pesquisadores que trabalham com Diawara, a frota de Abubakari teria ancorado na costa do Brasil, no local hoje conhecido como a cidade do Recife, in verbis:
“Seu outro nome é Purnanbuco, o que acreditamos é que é uma aberração do Mande para os campos do rico ouro que representavam grande parte da riqueza do Império Mali, Boure Bambouk.”
Konate também cita testes, semelhantes aos descritos por Ivan Van Sertima, mostrando que as pontas de lanças de ouro encontradas por Colombo nas Américas, foram forjadas de ouro originalmente de Guiné no Oeste Africano.
Van Sertima descreveu como, de acordo com os próprios escritos de Colombo, as pessoas que viviam na ilha de Hispaniola (mais tarde, Haiti e República Dominicana) eram negras, corroborando com os estudos de Diawara, verbis:
"as pessoas de pele negra tinham vindo do comércio sul e sudeste em ouro lanças feitas de metal. Colombo enviou amostras destas lanças de volta à Espanha para ser testado, e foram considerados idênticos em suas proporções de ligas de ouro, prata e cobre, lanças, em seguida, sendo forjado no Africano da Guiné. Fernando, filho de Colombo, disse que seu pai havia lhe dito que tinha visto pessoas negras norte do que hoje é Honduras.”
Van Sertima, em seu trabalho mais famoso: They Came Before Columbus, dividiu a presença africana nas Américas em distintos períodos históricos, a saber:
Primeiro, entre 1200 e 800 a.C, quando os núbios e os egípcios chegaram ao Golfo do México e trouxeram a escrita e a construção de pirâmides.
Segundo, em 1310 d.C, quando a civilização mandinga se estabeleceu no México, Panamá, Equador, Colômbia, Peru e diversas ilhas do Caribe.

clip_image008Comparação entre núbios e monumento dos Olmecas no México

Nesse sentido, alguns pesquisadores acreditam que a população Garifuna da América Central é descendente da expedição de Abubakari II.

clip_image009Garifunas da América Central

As pesquisas afrocêntricas têm derrubados mitos, mentiras e desvirtuações da história da humanidade realizadas por estudiosos ocidentais e suas academias serviçais da manutenção da supremacia européia. Contudo, diante das incontestes provas arqueológicas e históricas evitam o debate e ficam enfezados (em fezes) quando os cientistas afrocêntricos descrevem os fatos livres da manipulação supremacistas europeus.

 

Autor Kefing Foluke.

http://cnncba.blogspot.com.br/2010/11/saga-do-rei-abubakari-ii-africanos-na.html

Libertação dos indíos brasileiros 31 de julho 1.609

 

Colagem Libertação

 

Fatos históricos do dia 31 de julho

 

Índios Brasileiros
Em 31 de julho de 1609, os indígenas brasileiros são libertados. Quando os portugueses chegaram, havia mais de 2 milhões de índios somente no litoral da Bahia. Os povos eram divididos em troncos lingüísticos, dos quais se destacavam os Jês, os Nu aruak, os Karibi e os Tupis. A maioria dos índios era chamdada de tupi.

A Escravidão indígena no Brasil
Antes de entendermos o Brasil, temos que entender a história da escravidão no Brasil:
Antes da chegada dos portugueses a escravatura não era praticada no Brasil. Há grande dificuldade em se analisar a sociedade e os costumes indígenas devido à diferença entre a nossa cultura e a dos índios, e ainda hoje existem fortes preconceitos em torno da temática, sem contar a falta de dados, da diversidade de documentos escritos e da dificuldade de se obtê-los. Os europeus, quando aqui chegaram, encontraram uma população bastante parecida em termos culturais e lingüísticos. Esses indígenas se encontravam espalhados pela costa e pelas bacias dos rios Paraná e Paraguai. Não obstante a semelhança de cultura e língua, podemos distinguir os indígenas em dois grandes blocos: os tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis-guaranis se localizavam numa extensão que vai do litoral do Ceará até o Rio Grande do Sul. Os tupis ou tupinambás dominavam a faixa litorânea do norte até a Cananéia, no sul do atual Estado de São Paulo; os guaranis, na bacia do Paraná-Paraguai e no trecho do litoral entre Cananéia e extremo sul do Brasil de anos mais tarde.
Em alguns pontos do litoral, outros grupos menores dominavam. Era o caso dos goitacazes, na foz do rio Paraíba, e pelos aymorés no sul da Bahia e norte do Espírito Santo ou ainda pelos tremembés no litoral entre o Ceará e o Maranhão. Esses outros grupos eram chamados de tapuias pelos tupis-guaranis, pois falavam outra língua.
Entre as tribos indígenas, além das atividades como a caça, a coleta de frutas, a pesca e, é claro, a agricultura, havia também guerras e capturas de inimigos. Para a agricultura usavam a terra até seu esgotamento relativo. Depois se mudavam definitiva ou permanentemente para outras áreas. A derrubada de árvores e as queimadas eram um modo costumeiro de preparar a terra para a lavoura e essa técnica foi incorporada mais tarde pelos colonizadores. Plantavam feijão, milho, abóbora e especialmente mandioca da qual faziam a farinha, que se tornou um alimento básico no Brasil a partir do período colonial.

divulgação


 

 

 

 

As barreiras à escravização dos índios datam do início da colonização, 1530, mas o cativeiro indígena foi mais tenazmente combatido somente com a chegada dos jesuítas, em 1549, e a implantação do processo de aldeamento. Neste combate, os jesuítas contaram com o apoio da Coroa. O Padre Antônio Vieira foi figura essencial para a implantação da lei de libertação dos indígenas. Em 31 de julho de 1609, os indígenas do Brasilsão libertados.

Na caravela em que não embarcara Vieira, haviam chegado antes dele ao Maranhão não apenas os padres dos quais ele seria o provincial, mas também um novo capitão-mor que trazia carta do rei alforriando todos os índios da província. Por falta de escravos negros, eram os índios os escravizados para os trabalho nas fazendas e na cidade. Aguardou-se a chegada de Vieira para a publicação da lei. O povo afluiu à Câmara em protesto. A libertação dos índios causaria a perda econômica que seria fatal para a província. Atribuíram aos jesuítas haverem conseguido aquela lei dada pelo monarca e se indignaram contra os padres, clamando expulsão e mesmo morte, para Vieira e seus companheiros.

Vieira habilmente encontrou a solução que apaziguou momentaneamente os ânimos. Propôs que aqueles índios que eram legalmente escravos fossem assim mantidos, mas aqueles mantidos ilegalmente em cativeiro fossem daí por diante pagos como trabalhadores livres. Como os colonos não tinham propósito algum de pagar, aceitaram satisfeitos a solução e voltaram com seus índios para suas fazendas, onde a situação dos silvícolas continuou a mesma.

A questão dos índios não chegava por nenhum dos lados a solução aceitável: nem os colonos desistiam do sistema de escravidão que tinham instituído; nem os jesuítas deixavam o propósito de lhes subtrair, ou pelo menos limitar, o domínio sobre os silvícolas cristianizados.

Achando-se os jesuítas acuados e limitados pelo poder dos fazendeiros, Vieira decidiu com seus companheiros que iria a Portugal tratar as questões com o rei. Em sua breve visita a Portugal,de 1654 a 1655, ele obteve decretos protegendo os índios da escravidão e um monopólio para os jesuítas na proteção dos índios.

Fonte: IBGE ; Cobra pages

sábado, 28 de julho de 2012

Cenas de Lampião, Maria Bonita e cangaceiros de 1936, fundo musical Amelinha.

 


Cantado, filmado, um símbolo ainda presente, nas histórias.

Cenas de Lampião, Maria Bonita e cangaceiros de 1936, com fundo musical da Amelinha.

 

Filme com LampIão, Maria Bonita e seu bando.

Filme de 1936 com imagens reais.

Feitas pelo cineasta libanês Benjamim em 1936. Benjamim era secretario de Padre Cicero, e conheceu lampião atraves do Padre Cicero no fim dos anos 20.  Lampião foi o maior cangaceiro de todos os tempos, reinou nos anos 20 e 30 no cangaço.

Morte de Lampião

Lampião e seu bando morrem degolados

28 de Julho de 1.938 em Sergipe.

Em Juazeiro 1926, Lampião recebe do Governo a patente de Capitão honorário das forças legais, além de doação de armamento e munição para combater a Coluna Prestes. Vaidosamente, ostentou esta falsa patente até a sua morte.Existem duas teorias para a morte de Lampião. Em 1938 ele faz uma incursão ao agreste alagoano e esconde-se a seguir, em sua fortaleza, na Grota de Angico, no município de Porto da Folha, em Sergipe.A polícia militar alagoana foi informada de seu esconderijo e organizou uma volante comandada pelo Tenente João Bezerra da Silva, juntamente com o Sargento Ancieto Rodrigues, portando metralhadoras portáteis, para caçá-lo.As 4 horas da madrugada de 28 de julho de 1938, efetuaram a emboscada, que não durou mais de vinte minutos. Aproximadamente 40 cangaceiros conseguiram fugir. Lampião e 10 outros pereceram.Após o ataque, um soldado aparece segurando pelos cabelos a cabeça cortada de Virgulino. Bezerra quis saber o motivo da macabra exibição. -"Se não levarmos a cabeça, o povo nunca vai acreditar que liquidamos Lampião", respondeu o soldado. Onze cangaceiros tiveram suas cabeças cortadas. Maria Bonita foi degolada ainda viva. Morre Lampião, mas eterniza-se seu mito. Sucumbiu com ele o cangaço. Uma semana depois do massacre de Angicos, o Corisco, o "Diabo Louro", que havia se separado de Lampião, constituindo um bando à parte, desfechou ataques fulminantes sobre cidades à margem do rio São Francisco como vingança pela morte de seu amigo. Enviou algumas cabeças cortadas ao prefeito do povoado de Piranhas, com um bilhete: "Se o negócio é de cabeças, vou mandar em quantidade".

Filme real LampIão, Maria Bonita e bando.

Filme de 1936 com imagens reais.

Feitas pelo cineasta libanês Benjamim em 1936. Benjamim era secretario de Padre Cicero, e conheceu lampião atraves do padre cicero no fim dos anos 20 ! Lampião foi o maior cangaceiro de todos os tempos, reinou nos anos 20 e 30 no cangaço.

O cineasta libanês de Lampião

 

 

As únicas filmagens que existem do cangaceiro Lampião têm como autor um imigrante libanês: Benjamin Abrahão Botto. Ele registrou o cotidiano de Virgulino e seu bando na década de 30 na caatinga.

O cineasta se chamava Benjamin Abrahão Botto, e, mesmo sem ser profissional, fez, entre os anos de 1935 e 1937, filmagens do cangaceiro e seu bando, no interior do Nordeste.

 Divulgação

Em imagem feita por homem do bando, Benjamin cumprimenta Lampião

O que um libanês foi fazer na caatinga nordestina atrás do temido Lampião? A resposta nem os pesquisadores sabem ao certo. Segundo o escritor Antonio Amaury Corrêa de Araujo, que tem onze livros publicados sobre Lampião, é possível deduzir que a motivação foi econômica. “Acredita-se em dois fatores importantes. Primeiro, o Lampião já era uma lenda e Benjamin queria o desafio de entrevistar, fotografar uma lenda. Segundo, ele estava sendo remunerado e bem remunerado”, diz o jornalista Artur Aymoré, autor do livro “O Outro Olho de Lampião – A imprensa e o cangaceiro”, publicado neste ano.
É preciso dizer que Benjamin chegou do Líbano, na época em que seu país pertencia ao Império Turco Otomano, ainda jovem. Assim como muitos árabes, Benjamin chegou com um nome, Jamil Ibrahim, e adotou um outro, Benjamin Abrahão Botto, quando desembarcou, conta Araujo. Os registros históricos indicam que ele chegou a ser mascate e depois a ter uma loja de armarinhos. Seu destino, porém começou a se desenhar para os lados de Lampião quando foi ser secretário de Padre Cícero. Relata Araujo que Benjamin conheceu o cangaceiro por meio do Padre Cícero, em 1926, em Juazeiro, no Ceará.

 Divulgação

Benjamin era homem simpático

O trabalho de registro do bando apareceu depois da morte do sacerdote. “Uma empresa alemã contatou uma pequena agência cinematográfica que havia em Fortaleza (Ceará) chamada AbbaFilmes. A AbbaFilmes contatou o Benjamin e perguntou se ele gostaria de encarar esse desafio. Era um desafio porque ele era procurado pela polícia em sete estados”, diz o jornalista Aymoré. Benjamin conseguiu chegar até o bando e teve acesso, então, até a simulações de ataques por parte dos cangaceiros. “O Benjamin era um homem extremamente sociável, acolhedor e conseguiu convencer Lampião de que o documentário reforçaria a sua imagem como destemido, lutador pela justiça social”, diz Aymoré.
A filmagem, porém, não deu seus frutos de imediato. "O filme chegou a ser exibido uma única vez em Fortaleza, mas durante a sessão de cinema a polícia invadiu o local e as pessoas que estavam ali acabaram não assistindo o filme por inteiro. A polícia apreendeu o filme e ele ficou encostado lá, jogado num depósito da Polícia Federal durante mais de 25 anos”, relata Aymoré. Anos depois, cineastas conseguiram resgatar o material e extrair dele nada mais do que 15 minutos. As cenas, aliás, estão no filme "Baile Perfumado", feito pelos diretores Lírio Ferreira e Paulo Caldas sobre Benjamin na década de 90.

 Divulgação

Libanês filmou cotidiano dos cangaceiros

Mas e Benjamin, o que foi feito dele após as filmagens? A sua vida, na verdade, foi muito curta no pós-Lampião. Ele foi assassinado alguns meses depois. E se há muitas informações desencontradas sobre a vida de Benjamin Abrahão Botto, há ainda mais a respeito da sua morte. O escritor Araujo chegou a conversar com um delegado, Enésio Mariano, que estava na casa ao lado da qual Benjamin foi morto.
“A morte dele foi um tanto quanto confusa. O que se sabe é que ele mantinha relações com a mulher do sapateiro, que era deficiente. Mas o Benjamin também tinha filmado o Lampião, pessoas importantes que tinham relacionamento com Lampião, e eu acho que essa foi a causa da morte dele. Como ele mantinha relacionamento com essa mulher, não sei até onde foi que colocaram na cabeça do sapateiro que ele precisava dar um fim no Benjamin. O genro e o filho do sapateiro mataram o Benjamin com 42 facadas”, diz Araujo.
O escritor Aymoré também desconfia da versão da morte por ciúmes e afirma que considera a versão de que foi a própria polícia a autora do crime a mais plausível. "O governo federal estava muito empenhado na captura do Lampião. Eles (os policiais) consideraram aquilo uma desvalorização, um cidadão estrangeiro vai e filma Lampião e os policiais não conseguem se aproximar”, explica o jornalista e escritor.
Dos demais detalhes da vida de Benjamin há poucos registros históricos. Teria vindo da cidade de Zahlé, diz Araujo. Também há notícias de que era muito simpático e até mulherengo. Uns dizem que era solteiro, outros que era casado e que teve até um filho. "Segundo se conseguiu saber, ele realmente tinha vocação para o cinema, tinha uma paixão pelo cinema e queria fazer disso uma profissão, ele tinha o sonho de ser cineasta. Essa versão, aliás, foi confirmada pelo filme Baile Perfumado", diz Aymoré.

http://www.anba.com.br/noticia_orientese.kmf?cod=10014826

Lampião e seu bando morrem degolados

28 de Julho de 1.938

 

Herói, bandido ou vítima?

Colagem Lampião

 

clip_image002

A morte de Lampião e Maria Bonita

Madrugada de 28 de julho de 1938. O sol ainda não tinha nascido quando os estampidos ecoaram na Grota do Angico, na margem sergipana do Rio São Francisco. Depois de uma longa noite de tocaia, 48 soldados da polícia de Alagoas avançaram contra um bando de 35 cangaceiros. Apanhados de surpresa - muitos ainda dormiam -, os bandidos não tiveram chance. Combateram por apenas 15 minutos. Entre os onze mortos, o mais temido personagem que já cruzou os sertões do Nordeste: Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião.
Era o fim da incrível história de um menino que nasceu no sertão pernambucano e se transformou no mais forte símbolo do cangaço. Alto - 1,79 metros -, pele queimada pelo inclemente sol sertanejo, cabelos crespos na altura dos ombros e braços fortes, Lampião era praticamente cego do olho direito e andava manquejando, por conta de um tiro que levou no pé direito. Destemido, comandava invasões a sítios, fazendas e até cidades.
Dinheiro, prataria, animais, jóias e quaisquer objetos de valor eram levados pelo bando.

clip_image003

"Eles ficavam com o suficiente para manter o grupo por alguns dias e dividiam o restante com as famílias pobres do lugar", diz o historiador Anildomá Souza. Essa atitude, no entanto, não era puramente assistencialismo. Dessa forma, Lampião conquistava a simpatia e o apoio das comunidades e ainda conseguia aliados.
Os ataques do rei do cangaço - como Lampião ficou conhecido - às fazendas de cana-de-açúcar levaram produtores e governos estaduais a investir em grupos militares e paramilitares.

clip_image004

A situação chegou a tal ponto que, em agosto de 1930, o Governo da Bahia espalhou um cartaz oferecendo uma recompensa de 50 contos de réis para quem entregasse, "de qualquer modo, o famigerado bandido". "Seria algo como 200 mil reais hoje em dia", estima o historiador Frederico Pernambucano de Mello. Foam necessários oito anos de perseguições e confrontos pela caatinga até que Lampião e seu bando fossem mortos.

clip_image005

Mas as histórias e curiosidades sobre essa fascinante figura continuam vivas.
Uma delas faz referência ao respeito e zelo que Lampião tinha pelos mais velhos e pelos pobres. Conta-se que, certa noite, os cangaceiros nômades pararam para jantar e pernoitar num pequeno sítio - como geralmente faziam. Um dos homens do bando queria comer carne e a dona da casa, uma senhora de mais de 80 anos, tinha preparado um ensopado de galinha. O sujeito saiu e voltou com uma cabra morta nos braços. "Tá aqui. Matei essa cabra. Agora, a senhora pode cozinhar pra mim", disse. A velhinha, chorando, contou que só tinha aquela cabra e que era dela que tirava o leite dos três netos. Sem tirar os olhos do prato, Lampião ordenou um de seu bando: "Pague a cabra da mulher". O outro, contrariado, jogou algumas moedas na mesa: "Isso pra mim é esmola". Ao que Lampião retrucou: "Agora pague a cabra, sujeito". "Mas, Lampião, eu já paguei". "Não. Aquilo, como você disse, era uma esmola. Agora, pague."
Criado com mais sete irmãos - três mulheres e quatro homens -, Lampião sabia ler e escrever, tocava sanfona, fazia poesias, usava perfume francês, costurava e era habilidoso com o couro. "Era ele quem fazia os próprios chapéus e alpercatas", conta Anildomá Souza. Enfeitar roupas, chapéus e até armas com espelhos, moedas de ouro, estrelas e medalhas foi invenção de Lampião. O uso de anéis, luvas e perneiras também. Armas, cantis e acessórios eram transpassados pelo pescoço. Daí o nome cangaço, que vem de canga, peça de madeira utilizada para prender o boi ao carro.

clip_image006

NASCE UM BANDIDO Apesar de ser o maior ícone do Cangaço, Lampião não foi o criador do movimento. Os relatos mais antigos de cangaceiros remontam a meados do século 18, quando José Gomes, conhecido como Cabeleira, aterrorizava os povoados do sertão. Lampião só nasceria quase 130 anos mais tarde, em 1898, no sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada, Pernambuco. Após o assassinato do pai, em 1920, ele e mais dois irmãos resolveram entrar para o bando do cangaceiro Sinhô Pereira.
Duramente perseguido pela polícia, Pereira decidiu sair do Nordeste e deixou o jovem Virgulino Ferreira, então com 24 anos, no comando do grupo. Era o início do lendário Lampião.
Os dezoito anos no cangaço forjaram um homem de personalidade forte
e temido entre todos, mas também trouxeram riqueza a Lampião. No momento da sua morte, levava consigo 5 quilos de ouro e uma quantia em dinheiro equivalente a 600 mil reais. "Apenas no chapéu, ele ostentava 70 peças de ouro puro", ressalta Frederico de Mello. Foi também graças ao cangaço que conheceu seu grande amor: Maria Bonita.
Em 1927, após uma malograda tentativa de invadir a cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Lampião e seu bando fugiram para a região que fica entre os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Bahia. O objetivo era usar, a favor do grupo, a legislação da época, que proibia a polícia de um estado de agir além de suas fronteiras. Assim, Lampião circulava pelos quatro estados, de acordo com a aproximação das forças policiais.
Numa dessas fugas, foi para o Ra-so da Catarina, na Bahia, região onde a caatinga é uma das mais secas e inóspitas do Brasil. Em suas andanças, chegou ao povoado de Santa Brígida, onde vivia Maria Bonita, a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros. A novidade abriu espaço para que outras mulheres fossem aceitas no bando e outros casais surgiram, como Corisco e Dadá e Zé Sereno e Sila. Mas nenhum tornou-se tão célebre quanto Lampião e Maria Bonita. Dessa união nasceu Expedita Ferreira, filha única do lendário casal.
Logo que nasceu, foi entregue pelo pai a um casal que já tinha onze filhos. Durante os cinco anos e nove meses que viveu até a morte dos pais, só foi visitada por Lampião e Maria Bonita três vezes. "Eu tinha muito medo das roupas e das armas", conta. "Mas meu pai era carinhoso e sempre me colocava sentada no colo pra conversar comigo", lembra dona Expedita, hoje com 70 anos e vivendo em Aracaju, capital de Sergipe, Estado onde seus pais foram mortos.

CABEÇAS NA ESCADA

Em julho de 1938, após meses perambulando pelo Raso da Catarina, fugindo da polícia, Lampião refugiou-se na Grota do Angico, perto da cidade de Poço Redondo. Ali, no meio da caatinga fechada, entre grandes rochas e cactos, o governador do sertão - como gostava de ser chamado - viveu as últimas horas dos seus 40 anos de vida. Na tentativa de intimidar outros bandos e humilhar o rei do cangaço, Lampião, Maria Bonita e os outros nove integrantes do grupo mortos naquela madrugada foram decapitados e tiveram as cabeças expostas na escadaria da Prefeitura de Piranhas, em Alagoas. Os que conseguiram escapar se renderam mais tarde ou se juntaram a Corisco, o Diabo Loiro, numa tentativa insana de vingança que durou mais dois anos, até a morte deste em Brotas de Macaúbas, na Bahia. Estava decretado o fim do cangaço.
Não são poucas as lendas que nasceram com a morte de Lampião. Uma fala de um tesouro que ele teria deixado enterrado no meio do sertão. Outra conta que Lampião não morreu e vive, com mais de 100 anos, no interior de Pernambuco. Mas a verdade é que, mesmo 65 anos depois da sua morte, Virgolino Ferreira da Silva, aquele menino do sertão nordestino que se transformou no temido Lampião, ainda não foi esquecido. E sua extraordinária história leva a crer que nunca o será.

*Matéria publicada na edição #135 da revista Os Caminhos da Terra.

Na sua forma mais conhecida, o Cangaço surgiu no Século XIX, e terminou em 1940. Segundo alguns relatos e documentos, houve duas formas de Cangaço:
A mais antiga refere-se a grupos de homens armados que eram sustentados por seus chefes, na sua maioria donos de terras ou políticos, como um grupo de defesa. Não eram bandos errantes, pois moravam nas propriedades onde trabalhavam subordinados aos chefes.
A outra refere-se a grupos de homens armados, liderados por um chefe. Mantinham-se errantes, em bandos, sem endereço fixo, vivendo de assaltos, saques, e não se ligando permanentemente a nenhum chefe político ou de família. Estes bandos independentes viviam em luta constante com a polícia, até serem presos e mortos.
Esta é a forma do Cangaço mais conhecida e da qual trata esta exposição, através de imagens que contam, principalmente, histórias do bando de Lampião.
São protagonistas desse tipo de Cangaço:
Cangaceiro - Normalmente agrupados em bandos procuravam manter boas relações com chefes políticos e fazendeiros. Nestas relações eram frequentes a troca de favores e proteção em busca da sobrevivência do grupo.
• Coronel - chefe político local; dono de grandes extensões de terra; autoridade político- econômica; tinha poder de vida e morte sobre a sociedade local; suas relações com os cangaceiros eram circunstanciais; seu apoio dependia do interesse do momento.
Coiteiro - além dos coronéis, compunha o cenário do cangaço o coiteiro, indivíduo que fornecia proteção aos cangaceiros. Arrumava alimentos, fornecia abrigo e informações. O nome coiteiro vem de coito, que significa abrigo. Quanto menor o poder político e financeiro do coiteiro, mais ele era perseguido pelas forças policiais, pois era uma valiosa fonte que poderia revelar o paradeiro de grupos de cangaceiros. Existiram coiteiros influentes: religiosos, políticos e até interventores.
Volantes - forças policiais oficiais, embora houvesse também civis que eram contratados pelo governo para perseguir os cangaceiros.
Cachimbos - perseguiam cangaceiros por vingança e não tinham vínculo com o governo.
Almocreves - transportavam bagagens, bens materiais.
Tangerinos - tocavam boiada à pé.
Vaqueiro - condutor de gado, usava roupa toda feita de couro para proteger-se da vegetação típica da caatinga (espinhos, galhos secos e pontudos).

http://velhochico.net/index_arquivos/Page%20953A.htm

sexta-feira, 27 de julho de 2012

João do Pulo, a força da Natureza

 

27 de julho de 1976,  O recordista João do Pulo A Força da Natureza
João Carlos de Oliveira, o "João do Pulo", ganha o bronze no salto triplo, na Olimpíada de Montreal. 
No ano anterior 1975 , nos Jogos Pan-americanos do México, teve sua maior glória.
Com um salto de 17,89 metros, entrou para a história com um recorde mundial que levaria 10 anos para ser superado.
http://zambukaki.blogspot.com.br/

 

Para muitos especialistas em atletismo, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, como ficou popularmente conhecido, foi o maior potencial atlético da história do Brasil e do mundo. Seu talento nato transpunha todo e qualquer obstáculo que sua vida turbulenta viesse a impor.
Atletas contemporâneos de qualidade inter- nacional costumam afirmar que, se o João treinasse um bocadinho mais e com serieda- de teria obtido marcas inusitadas para sua época, acima dos 18 metros e de seu recorde pessoal, 17m 89, obtido nos Jogos Pan-Ame- ricanos da Cidade do México.
17,89 m. O pulo do João, naquele dia 15 de outubro de 1975, consignaria um novo recorde mundial. Recorde que levaria dez anos para ser quebrado pelo americano Willie Banks, que cravou 17,97 m em Indianápolis, Estados Unidos.
Vale ressaltar que o atletismo brasileiro sempre teve um histórico de carência,tanto de infra-estrutura quanto no perfil social daqueles que o praticavam. Não existiam, então, os recursos de hoje, dando suporte a lutas e sonhos. Atletas do naipe de João Carlos de Oliveira surgiam mesmo como que por combustão espontânea.
Tal combustão pôde ser vista, como um fo- go-fátuo, no sul-americano do Chile, catego- ria adulta, quando o menino João saltou 16, 34m, marca que serviu para alertar os fiéis do atletismo. No horizonte, surgia uma estrela promissora de raro brilho.
Recordista absoluto do salto triplo, foi assim que João Carlos de Oliveira chegou às Olim- píadas de Montreal, no Canadá, em 1976. A exigência de medalha a qualquer custo pesou em seus ombros. Mas mesmo assim, carregando nas costas a cruz da expectativa, ele conseguiu manter a tradição do País na prova, plantada e alimentada por Adhemar Ferreira da Silva e Nelson Prudêncio. Foi bronze, saltando 17,29 m. No salto em dis- tância daquela Olimpíada, João ficou com a quarta colocação, cravando 8 metros.
Mais amadurecido, em 1980, ele seguiu confiante para as Olimpíadas de Moscou. Estávamos no auge da Guerra Fria. Conquistas significavam hegemonia política na dura batalha de propaganda entre os Estados Unidos e a então União Soviética.
Se alguém poderia superar seu recorde de 17,80 m seria ele mesmo. Nenhum de seus concorrentes tinha lastro. Nosso João do Pulo viria a sofrer a maior decepção de sua carreira. O brasileiro foi vítima de uma artimanha para favorecer um atleta soviético e acabou roubado em seus resultados.
A data da fraude olímpica, que só viria a ser desmascarada 20 anos depois, foi 25 de julho de 1980. João Carlos já havia feito n tentativas e os fiscais de linha haviam invalidado oito delas, alegando que o brasileiro pisara na marca.
Ao concluir um dos saltos, João do Pulo caiu numa caixa de areia com a certeza íntima de que pulara mais de 18 metros, o que lhe daria não só a medalha de ouro nos Jogos de Moscou, mas também o novo recorde mundial. A bandeira vermelha surgiu e invalidou aquela que seria uma das mais belas páginas do atletismo em todos os tempos.
De suas três tentativas válidas, a de 17,22 m foi suficiente apenas para garantir a medalha de bronze.
A farsa só foi desmontada em junho de 2000, quando o conceituado jornal australiano Sydney Morning Herald publicou uma reportagem esclarecendo a questão. Os saltos anulados do brasileiro faziam parte de uma complexa operação para dar o tetracampeonato olímpico ao soviético Viktor Saneyev.
Adianta recorrer? Não, a página já foi virada. Diz o ditado que águas passadas não movem moinhos. Seesquece o ditado, todavia, que são justamente as águas já passadas que jus- tificam a existência de um moinho...
Vítima, João foi saindo da glória ao abandono. Abandono que culminou com o violento e trágico acidente proporciona- do por um motorista imprudente. Devido à forte colisão, João Carlos teve uma das pernas amputadas.
O Brasil ficou em estado de comoção. E o povo paulista respondeu a tamanho infortúnio nas urnas, elegendo-o deputado estadual. Mas tanto reconhecimento não foi suficiente para João suportar o fato de jamais poder voltar a praticar aquilo que mais gostava.
Aos 45 anos, ele morreu de cirrose hepática, carregando amargura. A data: 29 de maio de 1999, um dia após a data de seu nascimento.

http://www.saltotriplo.org/Homenageados/Jo%C3%A3odoPulo.aspx

terça-feira, 24 de julho de 2012

SOU NEGRO - Solano Trindade

solanopretoebrancoPQ

Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh'alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.
Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh'alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Gilberto Gil no Ensaio

Para quem quiser conhecer ou lembrar a história da MPB.

O programa Ensaio da TV Cultura de Roberto Faro, onde o entrevistador não aparece. Uma mágica onde o entrevistado à vontade conta reconta e nos encanta.

 

“No programa, Gil relembra de sua infância em Ituaçu, interior da Bahia; da relação com os pais José Gil e Claudina; das músicas que ouvia quando criança.
O músico fala sobre muitas composições como "Roda", "Louvação" e "Procissão", aproveitando para contar como foram compostas e em que circunstâncias. A partir daí, lembra de seus parceiros, como Torquato Neto, João Augusto e Capinan; cantarola trechos de grandes músicas como "Zabelê" e "Lunik 9".
Confessa sua paixão por Elis Regina, intérprete de grandes músicas que Gil lembra no Ensaio, dentre elas "Amor Até o Fim", "Meio de Campo" e "Doente Morena".
Da parceria com Chico Buarque, Gil fala sobre o clássico "Cálice"; das composições com João Donato, lembra de "Bananeira", "Lugar Comum", "Emoriô" e "A Paz". De sua relação com Caetano, fala da música que compôs em Londres para o parceiro, "Ele e Eu", e das diferenças de personalidade entre eles.
Gil não deixa de homenagear os Filhos de Gandhy, com quem sai todos os anos no carnaval da Bahia.”

20 DE JULHO DE 1.969

20 de Julho 1 

Assisti na TV, estava na casa de minha irmã em Santana.

Maravilhado sai na rua, uma lua imensa deixava as casas iluminadas.

Pensei o mundo nunca será mais o mesmo.

Entrei no meu fusca vermelho cerâmica, e cantei a música Lunik 9 de 1.967 de Gilberto Gil:

Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar
Momento histórico
Simples resultado
Do desenvolvimento da ciência viva
Afirmação do homem
Normal, gradativa
Sobre o universo natural

Sei lá que mais
Ah, sim!
Os místicos também
Profetizando em tudo o fim do mundo
E em tudo o início dos tempos do além
Em cada consciência
Em todos os confins
Da nova guerra ouvem-se os clarins
Guerra diferente das tradicionais
Guerra de astronautas nos espaços siderais
E tudo isso em meio às discussões
Muitos palpites, mil opiniões
Um fato só já existe
Que ninguém pode negar
7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, já!
Lá se foi o homem
Conquistar os mundos

Lá se foi
Lá se foi buscando
A esperança que aqui já se foi
Nos jornais, manchetes, sensação
Reportagens, fotos, conclusão:
A lua foi alcançada afinal
Muito bem
Confesso que estou contente também
A mim me resta disso tudo uma tristeza só
Talvez não tenha mais luar
Pra clarear minha canção
O que será do verso sem luar?
O que será do mar
Da flor, do violão?
Tenho pensado tanto, mas nem sei

Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar”

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Solano Trindade nascimento 24 de julho

Francisco Solano Trindade.

Poeta, pintor, cineasta, homem de teatro e pesquisador da cultura popular, Solano Trindade é considerado um vanguardista, tanto na política quanto nas artes. Vive através daqueles que declamam e propagam sua obra, marcada pela sensibilidade e indignação perante as injustiças étnica e social.
Um recifense que, mesmo discriminado, perseguido e preso pelas ditaduras, ganhou o mundo e fez de sua vida uma obra de arte.
clip_image003
Poeta da resistência - Ainda há muito a ser dito sobre Solano Trindade. Poeta, pintor, homem de cinema e teatro, e pesquisador da cultura popular, foi vanguardista tanto na esfera política quanto nas artes. Além de uma plena consciência étnica e social, tinha profunda certeza de seu opção enquanto artista combativo e popular, como revelou mais tarde, no prefácio ao livro Cantares a meu povo (1961): "Sem querer discutir o valor dos herméticos concretistas, neoconcretistas, dadaístas, etc (eruditos donos da cultura ocidental), prefiro levar ao meu povo uma mensagem, em liguagem simples, em vez de uma mensagem cifrada para um grupo de intelectuais".
Nascido no São José, bairro pobre, mas que "ficava bem bonito, metido num luar", Solano cresceu no Pátio do Terço, em frente à casa de Badia. Seu pai, além de exercer o ofício de sapateiro, era mestre de pastoril. Daí o inevitável contato com a cultura popular tão presenta na sua obra: "Bumba meu boi / da minha infância / 'Seu Capitão' / minha fantasia / 'Mateu Bastião' / primeiro poema / que o povo me deu", diz um de seus poemas.
Desde cedo, Solano Trindade revelou uma consciência artística, étnica e social incomum. Com vinte e poucos anos, após constatar que não havia negros nas universidades, fundou a Frente Negra Pernambucana, junto ao sociólogo José Vicente Lima (que chamava o movimento de segunda abolição), o pintor gaúcho Miguel Santos, e os intelectuais Gerson Monteiro de Lima e José Melo de Albuquerque. A primeira reunião se deu em 1936, no Clube dos Lenhadores. "Esse foi o nascedouro", acredita o desembargador Gustavo Augusto, filho de Vicente Lima.
No mesmo ano, a FNP mudou o nome para Centro de Cultura Afro-brasileiro e, numa época em que começava a soprar pela Europa o vento do nazismo lançou uma carta-manifesto pela igualdade racial: "Não faremos lutas de raças contra raças, porém ensinaremos aos nossos irmãos negros que não há raça superior nem inferior e o que nos faz distinguir um dos outros é o desenvolvimento cultural", diz o texto, que ainda invoca os escritores Humberto de Campos, Gilberto Freyre, Cruz e Souza, Henrique Dias, entre outros.
Mais do que nos versos, Solano vivia sua liberdade na prática cotidiana. Sua vida de viajante começou em 1940, quando viveu em Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Após rápida volta à terra natal, Solano partiu para o Rio de Janeiro. "Depois que ele viajou, nunca mais voltou", disse Dona Maria da Penha, irmã de Solano, à reportagem do Diario. Ela conta que o poeta se foi, mas deixou esposa e filhos com a família, no bairro do Pina, para mais tarde reencontrá-los na capital carioca. Aos 91 anos, Dona Penha guarda a lembrança do irmão com carinho. "Ele era alegre e namorador", lembra, risonha.
Solano nunca voltou ao Recife, mas a cidade sempre o acompanhou, tanto na poesia, quanto na figura dos amigos que aqui deixou, como provam as cartas enviadas a Vicente Lima. O primeiro livro, Poemas de uma vida simples, veio em 1944, e junto com ele, o reconhecimento literário. Nessa época, o jornalista e compositor Nestor de Hollanda afirmou Solano ser o primeiro poeta negro do Brasil. Logo depois, a repressão política da ditadura Vargas enxergou no poema-denúncia Tem gente com fome motivos para recolher os livros e prender seu autor.
Em 1950, ao lado de Edison Carneiro e da esposa Margarida Trindade, a inquietação artística o levou a fundar o Teatro Popular do Negro, com o qual viajou pelo Brasil e Europa e foi convidado por Gianfrancesco Guarnieri a participar da peça Guimba. Ainda no teatro, Solano Trindade foi o primeiro a encenar Orfeu, de Vinícius de Morais. No cinema foi co-produtor de Magia Verde, premiado em Cannes, e ator em seis filmes, entre eles, A hora e a vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos.
No começo dos anos 60, Solano se muda para a histórica cidade paulista de Embu, onde se torna amigo do escultor Assis e inicia, com outros artistas, um movimento cultural que mudou inclusive o nome da cidade para Embu das Artes. Viveu lá até 1973, quando, doente, voltou para o Rio de Janeiro, sob os cuidados da filha Raquel.
Ainda nos anos 70, Solano voltaria ao cenário artístico através do grupo Secos e Molhados, que musicou o poema Mulher barriguda e Tem gente com fome. Este último, no entanto, novamente censurado, até que, em 1980, Ney Matogrosso conseguiu incluí-lo no álbum Seu tipo. "A faixa ficou muito tempo presa na censura. Todo ano, mesmo depois de sair do grupo, todo disco que eu fazia eu colocava a música lá. Até que um dia eles liberaram, sem explicação alguma do porque não podia antes", disse Matogrosso, em depoimento para o documentário Solano Trindade 100 anos.de Alessandro Guedes e Hélder Vieira. Realizado com recursos do Funcultura.
Solano Trindade
Em seus aspectos formais, a poesia de Solano "senta-se à mesa de Ascenso Ferreira e Manuel Bandeira com a consciência de que esta entre os mais íntimos dos seus", afirma o crítico literário Márcio d'Oliveira. "Como se esquecer da locomotiva que atravessa a poesia de cada um destes - o Trem de Alagoas de Ascenso, o Trem de Ferro de Bandeira e o Tem gente com fome de Solano? Nesta comunhão de sons, movimento e imagem, vemos um sotaque que parte do folclorismo aristocrático, passa por um futurismo com leves pitadas de contestação e chega ao socialismo anti-racista", analisa, em pertinente conexão entre Solano e Bandeira.
Afinal, assim como o conterrâneo farto do lirismo comedido e bem comportado, Solano Trindade fez de seus versos um convite à libertação: "não disciplinarei as minhas emoções estéticas / deixá-las-ei à vontade / como meu desejo de viver / É grande o espaço / embora se criem limites / Basta somente que eu sofra a disciplina da vida / mas a estética / deve ser sempre liberta".
O mestre e seus herdeiros - Ele se foi em 1974, sem nunca ter voltado a Pernambuco. Seu legado, no entanto, segue ecoando na voz dos artistas que nunca deixou de influenciar. Destes, um dos maiores é o poeta França (1955-2007). Um ano após a morte de Solano, ele "incorporou" o mestre e seguiu não para as ruas de Embu das Artes, mas para as ladeiras e redutos de Olinda. Lá fundou o recital "Eu, poeta errante", que toda quinta-feira mobilizava as pessoas em algum quadrante da cidade.
"A poesia de Solano Trindade foi escrita para ser declamada, e não para a leitura silenciosa. Ela carece do suporte da voz e do gesto, da expressão corporal. É poesia destinada ao espaço público – a tribuna e o palco. Diferente da poesia que se lê apenas com os olhos, na intimidade da casa", escreve o professor de literatura Zenir Campos Reis, no texto de abertura da coletânea recém-lançada Poemas Antológicos.
França não foi o único a incorporar na própria vida a poética alegre e combativa de Solano. Outro de seus herdeiros é Inaldete Pereira de Andrade, que em 1989 fundou o Instituto Solano Trindade, com o objetivo de dar mais visibilidade ao poeta e trabalhar sua obra no contexto da educação. Por falta de recursos, a entidade fechou em 1996, mas Inaldete continuou. Aos 62 anos, ela está na ativa, promovendo oficinas de literatura em comunidades negras, em que utiliza os versos de Solano como recurso educativo. "A poesia de Solano é um instrumento para me comunicar com o cotidiano das pessoas. Ela tem potencial reflexivo, político, e todos os outros recursos que a didática pode oferecer", afirma a educadora.
Mas este não chega a ser um risco entre os admiradores de Solano Trindade. A palavra mais apropriada parece ser indignação. "Solano reunia todas as estirpes, e nós temos que reviver isso. Ele nunca teve um livro publicado em Pernambuco, mas foi o primeiro a levar o estado para a Finlândia, Eslováquia e outros países da Europa", lembra o poeta Odmar Braga, cujo protesto é reforçado por Malungo, outro "filho" de Solano: "a pouca divulgação de sua obra em pleno centenário é uma vergonha".
Depoimentos
"Há nesses versos uma força natural e uma voz individual, rica e ardente, que se confunde com a voz coletiva" - Carlos Drummond de Andrade, em carta a Solano, 02/12/1944.
"Organizando bailados, editando revistas, promovendo espetáculos e conferências, incansável em sua atividade, poucos fizeram tanto quanto ele pelo ideal da valorização do negro. O livro Cantares ao meu Povo é a tomada de consciência disso a que Sartre chamou de negritude" - Sérgio Milliet, poeta e crítico literário, em 1961.
"O Teatro Experimental do Negro funcionou como um núcleo ativo de conscientização dos negros, para assumirem orgulhosamente sua identidade e lutar contra a discriminação" - Darcy Ribeiro, extraído do livro Aos trancos e barrancos - como o Brasil deu no que deu.
"Mulher barriguda não é uma música ultrapassada pelos acontecimentos. Ela é atualíssima, infelizmente!" – Ney Matogrosso, em depoimento no documentário Solano Trindade 100 anos.
"Suas frentes de luta foram inúmeras. Em todas, ele teve proeminência, um papel estratégico. Nesse sentido, eu considero Solano uma das figuras maiores do século 20" - Sérgio Mamberti, ator e cineasta, em depoimento no documentário Solano Trindade 100 anos.
publicado em 20/07/2008 no Diario de Pernambuco

terça-feira, 17 de julho de 2012

Celebrando em 2011 os 85 anos do Professor Eduardo.

Celebrando em 2011 os 85 anos do Professor Eduardo de Oliveira.

 

 P.Eduardo Niver LB 056

Qual a melhor forma de lembrar os amigos?

Num papo gostoso, rindo brincando. Contando velhas histórias, planejando o futuro.

O professor Eduardo de Oliveira era múltiplo. Cheio de atividades, projetos, correndo sempre, com um sorriso gostoso, amigo e afável.

 

P.Eduardo Niver LB 010P.Eduardo Niver LB 012 

Ficamos muito tempo sem nos ver. Estive afastado um longo tempo, acompanhava de longe as notícias do movimento desse velho guerreiro. Via notícias nos jornais, seu discurso na televisão, comemorações. Eu afastado por motivo de saúde acompanhava as conquistas, como se estivesse vivendo.

Melhorando, a vida me levou para a Lapa. Moro há muitos anos em Santo Amaro, e São Paulo agora tem essas coisas você se enraíza em seu bairro ou zona e fica sem contato. Numa reunião na Lapa reencontro com grande prazer o Professor Eduardo.

Nessas suas muitas atividades, a Lapa era o seu canto. Atividades comunitárias, reestabelecimento de Sociedade Amigos de Bairros (as Sociedades Amigos de Bairros SABs foram um importante elo comunitário em São Paulo), atividades de inclusão.

 

P.Eduardo Niver LB 018 P.Eduardo Niver LB 024

Conto tudo isso, acredito poucos conhecerem esse lado do Eduardo, homem de participação comunitária, em sua região, em seu bairro.

Fizemos uma grande reunião no SENAC da Lapa. Era a retomada da Rede Social Lapa, Professor Eduardo de Oliveira foi um dos primeiros a chegar, participou ativamente da reunião e foi um dos últimos a se retirar. Quatro horas de trabalho intenso.

 P.Eduardo Niver LB 034 Professor Eduardo com o Dr. Mário Ferreira da OAB/Lap e Sandra Holdship do Jornal da Lapa. O engenheiro Reinaldo Holdship

 

 

P.Eduardo Niver LB 043

Professor Eduardo de Oliveira agradece a comemoração

Meire Matos do CADES, Dr. Mário, e Hugo Ferreira.

No final da reunião a surpresa, era a data de seu aniversário. Completava 85 anos, de vida ativa e produtiva. Sorridente com sua atividade fazia a idade não contar. Para nós presentes, quase cento e vinte pessoas, era um exemplo a ser invejado.

Na quarta-feira seguinte amigos da Lapa, se reuniram na Sociedade Amigos da Lapa de Baixo, onde ocorre uma tradicional feijoada e convidamos o Professor Eduardo.

Numa grande mesa comunitária, muita conversa, éramos amigos de longos anos, das longas reuniões que marcaram o surgimento do Movimento Negro Unificado em 1.978. Fomos companheiros na jornada de redemocratização do país. Toda uma vida rodou nesse almoço.

No final do almoço, os amigos do Jornal da Lapa, trouxeram o bolo de chocolate. Surpresa combinada e acertada, Eduardo se tornou criança.

Esperávamos em agosto comemorar novamente seu aniversário.

Haverá uma cadeira vazia na feijoada da Lapa de Baixo...

P.Eduardo Niver LB 090 Vendo velhas fotos.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Velório do Professor Eduardo de Oliveira

 

Despedida de meu amigo Eduardo.

Encontro Sarney Frenabra Uberaba

Foto do Encontro de Uberaba – Professor Eduardo de Oliveira – Abdias do Nascimento discursando e na mesa o Prefeito de Uberaba – Wagner do Nascimento ( Fuscão Preto)

Prof. Eduardo de Oliveira como é conhecido nacionalmente. Prof. Eduardo “O Poeta” para nós da geração de 1978 foi um companheiro e amigo mais velho. Seu Hino à Negritude será sempre um marco na nossa africanidade brasileira.

Muito nos ensinou, numa época em que jovens, jogávamos nossa insatisfação e revolta nas ruas em plena Ditadura. Quando policiais mataram o Robson Silveira da Luz, e justificaram que ele tinha sido atropelado. Fomos para as escadas do Teatro Municipal de São Paulo protestar pedindo Justiça. O Professor Eduardo estava conosco, e foi um dos pilares do início desse ato que seria a criação do Movimento Negro Unificado-MNU. Era mais um jovem negro assassinado, e até hoje matam jovens negros. Até hoje protestamos, “Zulmira Somos Nós!”.

Prof. Eduardo esteve conosco quando nesse mesmo ano de 1.978 lançávamos a Coletânea os Cadernos Negros. O primeiro lançamento foi na antiga Livraria Teixeira na Rua Marconi, os donos eram amigos do Professor. Pisei na União Brasileira de Escritores – UBE, acompanhado desse então já consagrado escritor.

Na redemocratização do país, participou ativamente, onde conversamos com dirigentes partidários, governadores, e presidentes de iguais para iguais. Éramos negros e livres, não nos bastavam às migalhas, queríamos sentar nas mesas do país que nossos ancestrais construíram.

Muito temos de falar, contar. Hoje no dia de seu velório na Câmara Municipal de São Paulo, onde foi o primeiro vereador negro em 1.963, irei dar o meu até logo, numa despedida singela. ao presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro–CNAB, um dos militantes mais antigo e presente com sua alegria.

Prof. Eduardo.bmp

Sempre estarão vivos, os presentes na nossa memória e nos nossos corações.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

"O assassino de ZULMIRA acaba de ser preso!”

"O assassino de ZULMIRA acaba de ser preso!

Frei David"

enviando em 11/7/2012 08:55 hrs.

E-mail do Frei David Santos com essa nota. (Reunião com a Educafro e o governador Alkimim 3/07/2012) foi uma das pautas pedida direto ao governador!

Justiça! Quando? JÁ!

A mobilização popular consegue resultados. Mobilização Zulmira Somos Nós!

 Reunião Zulmira 102

Aos meus jovens amigos angolanos

Aos meus jovens irmãos angolanos da UNEA/SP demos um passo importante, nossa UNIÃO entre os negros brasileiros, setores da sociedade brasileira, e angolanos.

Nesses muitos anos de minha vida, creio ter sido algo novo. Não é uma vitória. É apenas um passo no longo caminho. Nem é uma reparação, quem poderá reparar os sonhos perdidos de nossa irmã Zulmira. Mas a certeza de que JUSTIÇA tem de ser feita, e é uma OBRIGAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO.

Zulmira são os jovens negros assassinados. Zulmira Somos Nós!

Um país multi étnico, onde o racismo e xenofobia ainda existem. E agora é transformada em violência e tentativa de massacre e assassinato. Sintam-se em suas casas, este país foi construído com o generoso sangue de angolanos. Em muitos de nós brasileiros, corre o mesmo sangue, somos primos, tios e irmãos. Uma união não só de ideias e intenções, mas da mesma mãe.

No dia em que nos manifestamos debaixo de chuva, denunciavam outros assassinatos. A família de Francisca Ana Villanueva Lopes chorava sua morte. E continuam pedindo Justiça.

Não são sós os assassinos, culpados é o sistema e a sociedade que divide a humanidade. O culpado é o racismo, e é um monstro de muitas cabeças.

Reunião Zulmira BandeiraDomingo dia 15 das 9 as 13 hrs na Rua Riachuelo nº 258 - Educafro, será feito um ato macro religioso, agora uma AÇÃO DE GRAÇAS.Estarão presentes assessores da Presidência e iremos avaliar e sugerir melhorias no Programa do Governo Federal que será lançada nacionalmente sobre "Enfrentamento da violência contra a Juventude Negra" - com a presença dos responsáveis do Palácio do Planalto sobre o programa. Eles nos solicitaram participação da sociedade civil e do Movimento Negro na melhoria do Programa.

A jornada é longa, e já dizia a poesia: “Caminhante não há caminho, o caminho se faz ao caminhar...”

Do mano velho

Hugo

Ato Zulmira Páteo 249

Justiça por Francisca Ana Villanueva López

Abaixo assinado Ana 189

Ato no Páteo do Colégio – Mobilização Zulmira Somos Nós!

Abaixo assinado

por justiça e dignidade

a família de Francisca Ana Villanueva López, imigrante peruana assassinada, vítima de violência e racismo.

São Paulo, Julho de 2012.

Nós, que assinamos este Manifesto, expressamos nosso REPÚDIO pela morte de Francisca Ana Villanueva Lopes, peruana, estilista que estava desaparecida desde o dia 12 de Maio e foi encontrada em 14 de junho em um matagal em Franco da Rocha, Grande São Paulo.

Familiares e amigos registraram um Boletim de Ocorrência no dia 14/5 e fizeram uma campanha para buscar informações de seu paradeiro.

Os movimentos e as entidades envolvidas nesse caso entendem que os imigrantes (especialmente mulheres) são mais vulneráveis a agressões e violência, devido atitudes racistas e xenofóbicas que ainda existem em nossa sociedade.

Queremos ações concretas da parte das autoridades brasileiras e diplomáticas, uma séria investigação e JUSTIÇA para nossa querida FRANCISCA.

Contatos:

secretaria.cdhic@gmail.com

Cleyton Wenceslau Borges
11-8622-5360 / 8138-3424

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Teatro Casarão O Reencontro.

 

clip_image002 Atual local do antigo Teatro Casarão. Demolido com o pretexto da criação de uma alça rodoviária, hoje há uma lanchonete.

Primeiro um recado na secretária eletrônica. Uma voz que os anos não modificaram a alegria e o entusiasmo. Douglas Franco como ele se apresenta na internet: ATOR TEATRO, CINEMA ,TV , DUBLADOR, ANIMADOR DE FESTA e no seu anúcio oferece-se para trabalhar: “PALHAÇO MUKIFO, OFERECIDO PARA TEATRO, CINEMA ,TV , DUBLADOR, ANIMADOR DE FESTA. PARA VER DE GRAÇA MEU VIDEO NO YOUTUBE ESCREVA "DOUGLAS FRANCO MOREIRA".

clip_image004 Douglas Franco em foto na internet

SOU PRE-HISTÓRICO, 69 ANOS, 42 DE PROFISSÃO, QUASE ESQUECERAM DE MIM. COMO PGTO. ACEITO VALE-TRANSPORTE, FERRADURA OU DENTADURA USADAS, PERUCA, MARCA-PASSO, ETC. LIGAR P / (OI) 91313486- DOUGLAS.

Estive viajando, quando voltei, Jô minha companheira de luta e vida, já havia falado com Douglas. Um encontro com os participantes do Teatro Casarão, um teatro experimental, que participamos em 1.967. Era no comecinho da Avenida Brigadeiro Luís Antonio, no número 156 no final do Viaduto entre o Largo São Francisco e a avenida.

Uma jovem pesquisadora de teatro iria fazer uma entrevista com os remanescentes fundadores do Teatro Casarão. Fujo de entrevistas, depoimentos, declarações... Tive uma vida plena, cheia de momentos importantes, envolventes. Tipo você estar no olho do furacão, e com o tempo essas histórias acumulam-se, tornam-se significativas, mostrando a sua trajetória, da cidade, e do tempo vivido.

clip_image006 Regina Célia

São histórias pessoais que se tornam coletivas. Tive o prazer de ver essas histórias relatadas com o sabor de vivências, experiências alegres e dolorosas. Importantes porque marcam toda uma história de uma sociedade, contada a partir do pessoal e corriqueiro do nosso cotidiano.

A seguir conversei por telefone com Regina Célia Abrantes, participante e também entusiasmada com a perspectiva do encontro. Aí surge a conversa, típica de qualquer reencontro: Quem vai? ; Onde está fulano (a)? ; Quem não irá? ; Quem morreu?

Nesse momento é que tomamos contato com a brevidade da vida humana. Tantos já se foram, tantos contatos perdidos. Quanto mais tempo vamos vivendo, vemos que somos sobreviventes de uma época.

Tudo isso me deixou, muito pensativo, e além do mais detesto entrevistadores, que falam e perguntam demais. Sou um anti acadêmico, um devotado adepto da cultura popular, onde acadêmico não entra e nem passa. Deixei a data se aproximar, meio sem saber se iria. No Facebook e nos e-mails Regina continuava insistindo animada e calorosa.

Conclusão fomos. Jô e eu de trem e metrô, máquina digital e vontade de ver antigos companheiros, que não via há mais de 20 anos. Como todo mundo chega atrasado, incorporei os 20 minutos de atraso normal. Plena Avenida Paulista, sábado meio dia, no Centro Cultural Itaú. Ninguém na entrada, ninguém no salão, nenhuma informação no balcão da recepção. Um alívio de não encontrar nenhuma alma, e de coração leve voltar e dizer: Eu fui!

Numa última olhada no café, para deixar claro, que éramos os únicos a termos comparecido.

clip_image008  Eduardo Zá

De uma das mesas alguém se levanta sorridente Eduardo Zá. Aproximo-me um abraço apertado de velhos amigos. Regina a tão insistente e carinhosa amiga propagadora do encontro.

Quase como fogo, histórias, lembranças, notícias. O Douglas havia acabado de telefonar, um problema na visão e não poderia vir. Como mágico fogo, toda a amizade, companheirismo daqueles finais dos anos sessenta, prenúncios dos setenta nos incendiou. Passados 45 anos os jovens que fôramos reviviam.

clip_image010 Hugo, Regina Célia, Eduardo Zá e a professora Junia.

Estabelecida essa mágica, chega uma jovem, apressada, trazendo cópias do trabalho do Eduardo Zá contando a trajetória do Teatro Casarão. Era Junia Magica, professora e pesquisadora da UNESP, coletando material para um trabalho acadêmico, armada de netbook gravador e paciência.

Com o fogo da juventude, revivemos fatos de quarenta e cinco anos passados. Como uma maquina extratora de ideias e lembranças vinham como torrente. Fogo no olhar, vozes fortes e saudosas, a experimentação do que é atual. Uma proposta popular de cultura.

image

Amigos que se foram outros sumidos, a importância do que fizemos, apenas fazendo representado aquele tempo. A professora Junia com a uma experiência que relembra Fernando Faro famoso entrevistador da TV Cultura, nos deixou à vontade. Atenta, ouvinte, amiga, parceria e cúmplice.

clip_image012 Netbook e gravador registro dos depoimentos

Tantos foram os bons momentos, a importância de um grupo de jovens, contestadores, experimentando e fazendo experiências com a cultura popular. Interagindo com o movimento cultural de uma São Paulo de na época de uns 2,3 milhões de habitantes. Que a pergunta da professora Junia ainda indaga na minha cabeça: “Por que não foram registradas essas atividades?”.

clip_image014 Centro Cultural Itaú dia 7 de julho de 12 – Av. Paulista

Reposta ou respostas? Não sei nem me preocupo, apenas tenho uma certeza outros Reencontros ocorrerão. Histórias têm de ser narradas. O coletivo do Teatro Casarão revive...

 

image

 

Fotos Jõ Muniz e Hugo Ferreira