quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Da escravidão à retomada da cidadania.

 

Documentário África-Brasil (Semente, Raiz e Tempo)

Documentário-montagem com uma visão sobre a escravidão, a resistência dos africanos e seus descendentes.

Com imagens e cenas de filmes, um desenrolar das sagas das várias etnias africanas. O trabalho do professor de história Alan Zas, capoeirista do Grupo Semente do Jogo de Angola, nos traz nossa história, nossos anseios e nossas realizações nesse longo caminho da retomada da cidadania.

O Brasil o maior participante do comércio de escravos, estima-se que 40% por cento dos escravos sobreviventes à travessia, vinham para o Brasil. Para os Estados Unidos apenas 4% dos escravizados.

O Brasil foi o último país a abolir a escravidão.

África-Brasil (Semente, Raiz e Tempo) 1° parte

 

  África-Brasil (Semente,Raiz e Tempo) 2° Parte

 

 

 

Os quilombos Ganga Zumba e Zumbi. As pressões dos abolicionistas e a Inglaterra o Decreto da Abolição deixando o negro sem condições de competir, sem terra e sem trabalho.

Um ponto de reflexão, para a sociedade brasileira.

domingo, 26 de agosto de 2012

Órfãos da Pátria - documentário

 

Um documentário sobre os refugiados no Brasil. Um tema atual em São Paulo, onde uma tentativa de chacina de vários estudantes e o assassinato da jovem estudante angolana Zulmira Cardoso, mostrou que o racismo pode tomar caminhos violentos.

A união de esforços na "Mobilização Zulmira Somos Nós", mostrou a importância da militância junto com setores legislativos, entidades, e associações, pressionou os Governo Central e Estadual. O assassino foragido foi localizado e preso.

O mundo dos refugiados, a adaptação ao Brasil. A saudade sempre presente da terra natal

A visão dos estrangeiros sobre o Brasil, onde num período recente, muitos brasileiros tiveram de sair do país, ou foram exilados.

Realizado, produzido e editado pela equipe de comunicação da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, o programa aborda assuntos ligados a direitos humanos, cidadania, igualdade e acesso à Justiça.
"Órfãos da Pátria"
Nesta edição, o Espaço Cidadania apresenta o tema dos refugiados. O programa aborda a questão dos refugiados que escolhem o Brasil para se abrigar. Atualmente, vivem no país cerca de 4.500 refugiados de 77 nacionalidades diferentes. No Estado de São Paulo vivem mais da metade dos refugiados que estão no Brasil. Até 2011, a maior parte dos que chegaram no território paulista são do continente africano, de países como Nigéria, Senegal, Guiné-Bissau e Somália.

Militância do Movimento Negro no Brasil

Num momento eleitoral, as preferências por candidatos ou partidos políticos se mostram nos movimentos sociais.

Muitas perguntas sobre os rumos dos movimentos, e mesmo a participação ou não participação em grupos e entidades. A ação individual ou coletiva?

No caso da coletividade negra, a questão das cotas divide, os favoráveis buscando uma ação coletiva, e os contrários acreditando que a ação individual resolve o problema da superação.

Muita fatos existem para serem discutidos e levantados. Há um artigo no Correio Nagô, postado por Wenceslau Santos de Belo Horizonte, bom início de levantar um debate:

 

 

“A Militância do Movimento Negro no Brasil.

Postado por Wenceslau Santos em 1 julho 2012 às 16:15

“A despeito de toda essa discussão concernente a racismo, exclusão social, identidade racial, etnia, ancestralidade, preconceito, enfim, todas essas questões que só quem vive no dia a dia, ou quem nasceu negro compreende, identifico nesse contexto algo muito semelhante ao que vemos na mídia todos os dias: muito discurso, poucas ações.

Estou falando do discurso dos “acadêmicos de plantão”, aqueles com os substantivos terminados em “ólogos”, não todos, mas a grande maioria só têm discurso vazio. Muitos falam de políticas disso, ou programas daquilo, ações afirmativas, discussões e mais discussões … mas e quanto às ações efetivas?

Todos os anos vemos milhares e milhares de pessoas nas grandes capitais do país em marchas representando os mais diversos temas. Por que não a marcha da “Consciência Negra”? Por que não sairmos do discurso e irmos para a rua? Por que não abordarmos a criança e o jovem negro ainda na escola; não como educador formal, mas como militante conscientizador.

E as redes sociais? Por que é tão inconsistente a mobilização negra nas redes? Será que é mais fácil permanecer no campo da discussão e do idealismo enquanto nossos jovens vagam por aí sem a mínima noção de quem são ou de onde vieram? Só letra de música com tema racial não vai adiantar ...

Reconheço sim que nossa cultura (negra), nossa história, nossos costumes, estão se perdendo. Também reconheço a maior característica do povo brasileiro, a miscigenação (que é vista como uma forma de “democracia étnica), como algo negativo para a população negra, na medida em que tal fenômeno disfarça o racismo e, mais que isso, cria uma pseudo-etnia. Mas deixa pra lá ...

Infelizmente a militância negra em certos aspectos parece andar em círculos. Alguns se levantam para defender a “Cultura negra”, outros, apesar de vivermos em um Estado Laico, se apegam à bandeira da religião como forma de luta; há ainda aqueles adeptos da teoria do “modismo negro”, que encarna na figura do ator, atriz, cantor, atleta, intelectual, enfim, da personalidade negra (que nem sempre se reconhece como tal) bem sucedida, como o ideal para toda a comunidade negra.

Mas qual é o caminho? Porque quando um negro se candidata a um cargo político ele não levanta essa bandeira a fim de ser reconhecido como um militante negro? Ou pior, quando um negro chega ao poder e o que deveria ser uma de suas tantas atribuições, representar a comunidade negra, é esquecido por ele. São tantos exemplos que não valem a pena serem citados. Pelo menos é o que acontece aqui em Minas Gerais, nós não temos uma liderança política que empunhe a bandeira da negritude.

Não sou adepto do modelo norte-americano de resistência do movimento negro, mas ele tem sim muitos aspectos positivos. Nos EEUU o racismo, principalmente até os anos 60, era agressivo, exposto, e de certa forma ainda é. Isso provocou a mobilização dos negros que tiveram que se unir para suplantar as dificuldades. Lá não faltam obras literárias para rememorar o passado negro. Aqui os livros de história contam a história do português empreendedor, do índio preguiçoso, e do negro escravo e sem alma.

Quando surge algo pontual, seja um programa de TV, ou um posicionamento agudo de um racista, surge a discussão, indignação, mas logo o caso é esquecido.

Acredito que o que nos falta é “resistência qualificada”, saber o que fazer, porque fazer, e quando fazer, temos que nos organizar melhor.

Há ainda outro aspecto muito interessante o qual não discutirei agora, mas lanço a discussão: O negro, das diversas partes do Brasil, tem uma leitura diferente de sua condição étnica em relação ao negro das outras regiões, e isso contribui para dilapidação da cultura negra como um todo.

Por isso amigos, a exemplo do que acontece na Bahia, devem existir pelo Brasil locais físicos como referência, e aqui não estou falando de manifestações culturais e religiosas, mas de centros de discussão e conscientização ao alcance de todos, principalmente daqueles com pouca informação, que infelizmente são maioria no universo negro.

Espero sinceramente não ter agredido ou menosprezado ninguém, sinceramente não é minha intenção, só expus minha opinião

Agradeço pela oportunidade de poder compartilhar ideias neste espaço tão democrático, eclético, e sobretudo “black”.

Ficarei feliz e receber o feedback, mesmo e, principalmente daqueles que discordarem de mim.

Um grande abraço a todos.

Wenceslau Santos”

http://correionago.ning.com/

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Comparação educacional Finlândia X Brasil

Conheça o melhor sistema educacional do mundo

Como a Finlândia criou, com medidas simples e focadas no professor, o mais invejado sistema educacional

Aula no ensino fundamental: professores com autonomia

Quem entra numa escola na Finlândia se espanta com a simplicidade das instalações. Era de esperar que o sistema educacional considerado o melhor do mundo surpreendesse também pela exuberância do equipamento didático. Na verdade, na escola Meilahden Yläaste, em Helsinque, igual a centenas de outras do país, as salas de aula são convencionais, com quadro-negro e, às vezes, um par de computadores. Apesar do despojamento, as escolas finlandesas lideram o ranking do Pisa, a mais abrangente avaliação internacional de educação, feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O último teste, em 2006, foi aplicado em 400 000 alunos de 57 países. O Brasil disputa as últimas posições com países como Tunísia e Indonésia. O segredo da boa educação finlandesa realmente não está na parafernália tecnológica, mas numa aposta nas duas bases de qualquer sistema educacional. A primeira é o currículo amplo, que inclui o ensino de música, arte e pelo menos duas línguas estrangeiras. A segunda é a formação de professores. O título de mestrado é exigido até para os educadores do ensino básico.

Eeva-Maria em aula de música
Dar ênfase à qualidade dos professores foi um dos primeiros passos da reforma educacional que o país implementou a partir dos anos 70, e é nesse quesito que a Finlândia mais tem a ensinar ao Brasil. Quarenta anos atrás, metade da população finlandesa vivia na zona rural. A economia era dependente das flutuações do preço da madeira, já que 55% das exportações vinham da indústria florestal. Além dos bosques que cobrem 75% do território, o país só tinha a oferecer sua mão-de-obra barata. Os finlandeses emigravam em massa para vizinhos ricos, como a Suécia, em busca de melhores condições de vida. Preocupados com a má qualidade das escolas públicas, os pais estavam transferindo os filhos para instituições privadas de ensino. Em alguns desses aspectos, a Finlândia se parecia com o Brasil. A reforma educacional colocou a qualificação dos professores a cargo das universidades, com duração de cinco anos. Hoje, a profissão é disputadíssima (só 10% dos candidatos são aprovados) e usufrui grande prestígio social (é a carreira mais desejada pelos estudantes do ensino médio).
O segundo passo da reforma, em 1985, foi descentralizar o sistema de ensino. Por esse conceito, o professor é o principal responsável pelo desempenho de seus alunos: é ele quem avalia os estudantes, identifica os problemas, busca soluções e analisa os resultados. O Ministério da Educação dá apenas as linhas gerais do conteúdo a ser lecionado. "Isso só é possível porque os professores recebem um treinamento prático específico para saber lidar com tanta independência", disse a VEJA Hannele Niemi, vice-reitora da Universidade de Helsinque, que trabalha com a formação de professores há três décadas. O currículo escolar também é flexível, decidido em conjunto entre professores, administradores, pais e representantes dos alunos. A cada três anos, as metas da escola são negociadas com o Conselho Nacional de Educação, órgão responsável por aplicar as políticas do ministério. "Queremos que os professores e os diretores, que conhecem o dia-a-dia da escola, sejam responsáveis pela educação", diz Reijo Laukkanen, um dos membros mais antigos do Conselho Nacional de Educação.
O governo finlandês faz anualmente um teste com todas as escolas do país e o resultado é entregue ao diretor da instituição, comparando o desempenho de seus alunos com a média nacional. Cabe aos diretores e aos professores decidir como resolver seus fracassos. Esse sistema tem o mérito de fazer com que os professores se sintam motivados para trabalhar. A reforma educacional finlandesa levou três décadas para se consolidar. Pouco a pouco, as crianças voltaram a ser matriculadas nas escolas públicas e as instituições privadas foram incorporadas ao sistema do estado. Hoje, 99% das escolas são públicas e o aluno conta com material escolar, refeições e transporte gratuitos. Cerca de 20% dos estudantes recebem algum tipo de reforço escolar, índice acima da média internacional, de 6%. "Quando um aluno repete, perde toda sua motivação, torna-se amargo e pode até apresentar resultados piores que na primeira tentativa", diz Eeva Penttilä, do departamento de educação da cidade de Helsinque.
O sucesso da educação finlandesa é, em parte, fruto das características únicas do país. A população, de 5,2 milhões de habitantes, é relativamente pequena e homogênea. "Com uma população 35 vezes maior e disparidades regionais e sociais mais acentuadas, o Brasil não conseguiria ter o mesmo padrão de igualdade entre as escolas, como existe na Finlândia", diz João Batista de Oliveira, ex-secretário executivo do Ministério da Educação. O preço do sistema de bem-estar social que assiste o cidadão do berço ao túmulo é uma carga tributária de 43% do PIB, uma das maiores do mundo, mas apenas seis pontos acima da brasileira. Ou seja, trata-se de um estado paquidérmico, mas eficiente. A Finlândia é o país menos corrupto, segundo a Transparência Internacional.
Há quase treze anos na Finlândia, a brasileira Andrea Brandão conhece bem as diferenças entre as duas sociedades. "No Brasil, muita gente acha que algumas profissões, como porteiro, não necessitam de um ensino básico de qualidade", diz. "Na Finlândia, existe um consenso de que todo mundo precisa ter uma educação mínima para ser um cidadão." Andrea é professora de inglês em uma das poucas escolas particulares do país, voltada para a população de fala sueca, que é minoria na Finlândia. Particular, nos "moldes finlandeses", significa que os alunos pagam uma anuidade opcional de 100 euros, pouco mais de 250 reais. A estudante Eeva-Maria Puska, de 16 anos, passa seis horas e meia por dia na escola Meilahden Yläaste, em Helsinque. Além das disciplinas obrigatórias, ela freqüenta aulas de música, artes e francês, opcionais para os alunos da 9ª série. Mesmo com tantas matérias, Eeva não reclama da carga horária nem, menos ainda, do ambiente: "Gosto dos meus professores, tanto como profissionais quanto como pessoas", afirma. Na sua escola, professores e alunos conversam amigavelmente nos corredores espaçosos e bem iluminados.
A educação de qualidade foi essencial para uma virada na economia finlandesa. A mão-de-obra qualificada permitiu que a eletrônica substituísse a madeira e o papel como principais produtos de exportação. A Finlândia tem hoje o terceiro maior investimento em pesquisa e desenvolvimento do planeta, grande parte feita por empresas privadas. Uma antiga fábrica de papéis e de botas de borracha do interior do país foi o símbolo dessa transformação. A empresa, Nokia, hoje é a maior fabricante mundial de celulares, com 40% do mercado internacional. Juntos, ela e o sistema educacional são os dois maiores orgulhos dos finlandeses.
Finlândia x Brasil
Em comparação com o Brasil, a Finlândia mantém os alunos por mais tempo na escola e investe mais na formação dos professores. O fato de ganharem menos que os brasileiros em proporção à renda per capita nacional demonstra que salário não é a única maneira de estimular professores.

Fonte: Revista Veja-  04/2011

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

COTAS Comentários e informação

 

Sou contra as cotas

 

Há um vídeo sobre a greve efetuada no MPT com o depoimento de um militante da Educafro Vitor Coff Del Rey. Ao se ler os comentários assusta a violência das pessoas mal informadas:

  • “Por mim ele pode MORRER DE FOME!Chega de afro-coitadismo!!!”

O Brasil foi construido com uma base injusta e escravagista. Onde o escravo era “as mãos e os pés do senhor”. Escravos eram os negros africanos e os “negros da terra” (os indígenas brasileiros) onde só havia benefícios para os senhores das terras e seus agregados.

Não só foram escravizados, mas retirados valores culturais, e se tentou destruir o núcleo essencial da sociedade: a família. Nada restava de dignidade para o escravo. A força das culturas africanas e culturas indígenas fizeram a resistência. A abolição nada propôs de restabelecer a dignidade desses homens e mulheres ex-escravizados. Os africanos e os indigenas não nasceram escravos, eram livres e donos de sua cultura e terra.

A desigualdade existe até hoje, como solucionar? Movimentos populares mobilizam-se, questionam, protestam, participam. Os defensores dos privilégios são as classes favorecidas.

Chegou a hora de mudanças.

domingo, 12 de agosto de 2012

Conheci um Velho

 

Colagem Tenente

Conheci apenas criança
velho negro guerreiro
passei respeitoso a mão
sentindo o chumbo no corpo
cicatrizes de baioneta
marcas de faca
ponta do dedo faltando
a coxa escavada
balas de metralhadora
uniforme honrado
divisas no ombro
medalhas no peito
ganhas com sangue
derramado na terra


Não contava histórias
marcas mostravam a coragem
contava de suas idéias
tenentes democracia
povo pátria
contra a opressão
defesa da liberdade

Às vezes falava
de outros como ele
caídos não voltaram
Voz terna comigo
no olhar a guerra


Infelizmente criança
não falava
mas minha mente
tudo guardava
meu espírito crescia


Velho negro guerreiro
tive a sorte de conhecer
e ser seu filho

Hugo Ferreira

Recanto da Letras: 01/08/2010

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Caetano Veloso 70 – 7 de agosto 2012

Colagem Caetano Veloso

Caetano Veloso (nascido Caetano Emanuel Viana Teles Veloso em Santo Amaro da Purificação, 7 de agosto de 1942) é um músico, produtor, arranjador e escritor brasileiro. Com uma carreira que já ultrapassa quatro décadas, Caetano construiu uma obra musical marcada pela releitura e renovação,[1] considerada de grande valor intelectual e poético.[2][3]

Embora desde cedo já tivesse aprendido a tocar violão em Salvador, escrito entre os anos de 1960 e 1962 críticas de cinema para o Diário de Notícias, conhecido o trabalho dos cantores de rádios e dos músicos de bossa nova—notavelmente João Gilberto, sua maior influência e com quem dividiria o palco anos mais tarde—Veloso iniciou seu trabalho profissionalmente em 1965 com o compacto "Cavaleiro/Samba em Paz", enquanto acompanhava a irmã mais nova Maria Bethânia por suas apresentações nacionais do espetáculo "Opinião", no Rio de Janeiro. Nessa década conhece Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé, participa dos festivais de música popular da Rede Record e compõe trilhas de filmes. Em 1967 sai seu primeiro LP, Domingo, com Gal Costa, e no ano seguinte lidera o movimento chamado Tropicalismo, que renovou o cenário musical brasileiro e os modos de se apresentar e criar música no Brasil, através do disco Tropicália ou Panis et Circensis ao lado de vários músicos. Em 1968, face à ditadura militar, compõe o hino "É Proibido Proibir", que é desclassificada e amplamente vaiada durante o III Festival Internacional da Canção.

Em 1969, é preso pelo regime militar e parte para exílio político em Londres, onde lança Caetano Veloso (1971), disco triste com canções compostas em inglês e endereçadas aos que ficaram no Brasil. Transa (1972) representou seu retorno ao país e seu experimento com compassos de reggae. Em 1976, une-se a Gal, Gil e Bethânia para formar o Doces Bárbaros, típico grupo hippie dos anos 70, lançando um disco, Doces Bárbaros, e saindo em turnê. Na década de 80, mais sóbrio, apadrinhou e se inspirou nos grupos de rocks nacionais, aventurou-se na produções dos discos Outras Palavras, Cores, Nomes, Uns e Velô, e em 1986 participou de um programa de televisão com Chico Buarque. Na década de 90, escreveu Verdade Tropical (1997), e o disco Livro (1998) ganha o Prêmio Grammy em 2000, na categoria World Music. Com A Foreign Sound cantou clássicos norte-americanos e em 2006 lançou o álbum , fruto de sua experimentação com o rock e o underground. Unindo estes gêneros ao samba, Zii e Zie de 2009—seu último disco lançado até agora—fechou a parceria com a Banda Cê.

Caetano Veloso é considerado um dos artistas brasileiros mais influentes desde a década de 60 e já foi chamado de "aedo pós-moderno".[4] Em 2004, foi considerado um dos mais respeitados e produtivos músicos latino-americanos do mundo, tendo mais de cinqüenta discos disponíveis e canções em trilhas sonoras de filmes como Hable con Ella de Pedro Almodovar e Frida de Julie Taymor. Ao longo de sua carreira, também se converteu numa das personalidades mais polêmicas e com maior força de opinião nacional. É uma das figuras mais importantes da música popular brasileira, considerado internacionalmente um dos melhores compositores do século XX,[5] sendo comparado a nomes como Bob Dylan, Bob Marley e Lennon/McCartney.[6]

Infância

Caetano Veloso nasceu em 7 de agosto de 1942 em Santo Amaro, Bahia, como o quinto dos oito filhos de José Teles Velloso, Seu Zezinho, funcionário público dos Correios falecido em 13 de dezembro de 1983 aos 82 anos, e Claudionor Viana Teles Velloso, Dona Canô, nascida em 16 de setembro de 1907. Casaram-se em 7 de janeiro de 1931.[7]

Desde pequeno, mostrou imenso interesse em arte e pintura. Em 1946, sua irmã mais nova nasceu. Veloso foi fundamental no momento da escolha de seu nome: o garoto de quatro anos de idade que adorava música brasileira, inspirado na valsa "Maria Bethânia" do compositor Capiba e sucesso na voz do cantor Nélson Gonçalves, assim escolheu o nome da irmã, Maria Bethânia.[carece de fontes?] Ambos veriam sua trajetória artística se cruzar por diversos momentos e foram os dois filhos de Dona Canô que mais se destacaram no cenário nacional.

Dois acontecimentos principais o fizeram optar pela música. Aos 16 anos, sofreu um impacto que mudou definitivamente os seus planos de trabalhar no cinema: ouviu num programa da Rádio Mayrink Veiga a canção "Chega de Saudade" na voz de Marisa Gata Mansa e tomou conhecimento do disco homônimo de 1959 de João Gilberto. "Foi o marco mais nítido que uma canção já me deixou na vida", recordaria anos mais tarde.[8] As maiores influências musicais desta época foram alguns cantores em voga na época, como "o rei do baião" Luiz Gonzaga, e canções de maior apelo regional, como sambas de roda e pontos de candomblé. Em 1956, frequentou o auditório da Rádio Nacional, na capital fluminense, que contava com apresentações dos maiores ídolos musicais brasileiros.[carece de fontes?]

Trajetória artística

Iniciou a carreira interpretando canções de bossa nova, sob influência de João Gilberto, um dos ícones e fundadores do movimento bossa nova. Colaborou com os primórdios de um estilo musical que ficou conhecido como MPB (música popular brasileira), deslocando o melodia pop na direção de um ativismo político e de conscientização social. O nome ficou então associado ao movimento hippie do final dos anos 1960 e às canções do movimento da Tropicália. Trabalhou como crítico cinematográfico no jornal Diário de Notícias, dirigido pelo diretor e conterrâneo Glauber Rocha. A obra adquiriu um contorno pesadamente engajado e intelectualista e o artista firmava-se sendo respeitado e ouvido pela mídia e pela crítica especializada.

Participou na juventude de espetáculos semi-amadores ao lado de Tom Zé, da irmã Maria Bethânia e do parceiro Gilberto Gil, integrando o elenco de Nós por exemplo, Mora na filosofia e Nova bossa velha, velha bossa nova em 1964. O primeiro trabalho musical foi uma trilha sonora para a peça teatral Boca de ouro, do escritor Nelson Rodrigues, do qual Bethânia participou em 1963, e também escreveu a trilha da peça A exceção e a regra, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, dirigido por Álvaro Guimarães, na mesma época em que ingressou na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia.

Início da carreira musical

Foi lançado no cenário musical nacional pela irmã, a já reconhecida cantora Maria Bethânia, que gravou uma canção da autoria no primeiro disco, Sol negro, um dueto com Gal Costa, as cantoras que mais gravaram músicas da autoria. Em 1965, lançou o primeiro compacto, com as canções Cavaleiro e Samba em Paz, ambas de sua autoria, pela RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (adquirida depois pela Sony Music), participando também do musical Arena canta Bahia (ao lado de Gal, Gil, Bethânia e Tom Zé), dirigido por Augusto Boal e apresentado no TBC (São Paulo). Teve músicas inclusas na trilha do curta-metragem Viramundo, dirigido por Geraldo Sarno.

O primeiro LP gravado, em parceria com Gal Costa, foi Domingo (1967), produzido por Dori Caymmi, foi lançado pela gravadora Philips, que posteriormente transformou-se em Polygram (atualmente Universal Music), que lançaria quase todos os discos. Domingo contou com uma sonoridade totalmente bossa-novista, e a ele pertence o primeiro êxito popular da carreira, a canção Coração vagabundo. Mesmo não tendo sido um estrondoso sucesso, garantiu um bom reconhecimento à dupla e foi muito aclamado pelo meio musical da época, como Elis Regina, Wanda Sá, o próprio Dori Caymmi e Edu Lobo, marcando a estreia de ambos nessa gravadora, a convite do então diretor artístico João Araújo. A canção Um dia, no repertório deste, recebeu o prêmio de melhor letra no II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record

Tropicalismo

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Caetano em 1996.

Nesse mesmo ano, a canção Alegria, Alegria, que fez parte do repertório do primeiro LP individual, Caetano Veloso (janeiro de 1968), que trouxe canções como Alegria alegria, No dia em que vim-me embora, a antológica Tropicália, Soy loco por ti América e Superbacana, e também lançada em compacto simples, ao som de guitarras elétricas do grupo argentino Beat Boys, enlouqueceu o terceiro Festival de Música Popular Brasileira (TV Record, outubro de 1967), juntamente com Gilberto Gil, que interpretou Domingo no Parque, classificadas respectivamente em quarto e segundo lugar. Era o início do Tropicalismo, movimento este que representou uma grande efervescência na MPB.

Este marco foi realizado pelo lançamento do álbum Tropicália ou Panis et Circensis (julho de 1968), disco coletivo que contou com as participações de outros nomes consagrados do movimento, como Nara Leão, Os Mutantes, Torquato Neto, Rogério Duprat, Capinam, Tom Zé, Gil e Gal. Ficou associada a este contexto a canção É Proibido Proibir, da sua autoria (mesmo compacto que incluía a canção Torno a repetir, de domínio público), que ocasionou um dos muitos episódios antológicos da eliminatória do 3º Festival Internacional da Canção (TV Globo), no Teatro da Universidade Católica (São Paulo, 15 de setembro de 1968). Vestido com roupa de plástico, acompanhado pelas guitarras distorcidas d'Os Mutantes, ele lança de improviso um histórico discurso contra a plateia e o júri. "Vocês não estão entendendo nada!", grita. A canção é desclassificada, mas também foi lançada em compacto simples. Em novembro, Gal defende sua canção "Divino maravilhoso", parceria sua com Gil, no mesmo musical onde participou defendendo a canção "Queremos guerra" (de Jorge Benjor). Caetano lançou um compacto duplo que continha a gravação do samba "A voz do morto" que foi censurado, com isso o LP foi recolhido das lojas.

Caetano Veloso e Jorge Mautner foram os primeiros andróginos da Música Popular Brasileira. Em seu primeiro show na volta ao Brasil, em 1972, Caetano encarava o público de brincos de argolas, tamancos, batom e tomara-que-caia. Caetano Veloso é a maior referência para o artista Ney Matogrosso - que mais tarde estrearia no grupo Secos & Molhados.

Ditadura militar

Desde o início da carreira, Veloso sempre demonstrou uma posição política contestadora, sendo até confundido como um militante de esquerda, ganhando por isso a inimizade do regime militar instituído no Brasil em 1964 e cujos governos perduraram até 1985. Por esse motivo, as canções foram frequentemente censuradas neste período, e algumas até banidas. Em 27 de dezembro de 1968, Veloso e o parceiro Gilberto Gil foram presos, acusados de terem desrespeitado o hino nacional e a bandeira brasileira. Foram levados para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio, e tiveram suas cabeças raspadas.

Ambos foram soltos em 19 de fevereiro de 1969, quarta-feira de cinzas, e seguiram para Salvador, onde tiveram de se manter em regime de confinamento, sem aparecer nem dar declarações em público. Em julho de 1969, após dois shows de despedida no Teatro Castro Alves, nos dias 20 e 21, Caetano e Gil partiram com suas mulheres, respectivamente as irmãs Dedé e Sandra Gadelha, para o exílio na Inglaterra. O espetáculo, precariamente gravado, se transformou no disco Barra 69, de três anos mais tarde.

Antes de partir para o exílio, em abril e maio de 1969, Caetano gravou as bases de voz e violão do próximo disco, Caetano Veloso, que foram mandadas para São Paulo, onde o maestro Rogério Duprat faria os arranjos e dirigiria as gravações do disco, lançado em agosto - um dos únicos que não traz uma foto sua na capa. No repertório, destaque para as canções Atrás do trio elétrico (lançada em novembro em compacto simples com Torno a repetir), Irene feita na cadeia em homenagem à irmã, o grande sucesso Marinheiro só, e regravações de Carolina, de Chico Buarque (regravada muitos anos depois no CD Prenda minha) e o tango argentino Cambalache.

A canção Não identificado, desse mesmo disco, foi lançada em novembro em compacto simples, juntamente com Charles anjo 45, de Jorge Ben, em dueto com o próprio. Além disso, também trabalhou como produtor musical, com João Gilberto (João voz e violão), Jorge Mautner (Antimaldito), Gal Costa (Cantar, cujo espetáculo originado deste também foi dirigido por ele) e a irmã Maria Bethânia (Drama - Anjo Exterminado, com faixa-título da autoria), caracterizando-se também por numerosas canções gravadas por outros intérpretes.

Década de 1970

Em janeiro de 1972, Caetano Veloso retornou definitivamente ao Brasil, após haver visitado o país em agosto de 1971, onde participou de um encontro histórico, ao lado de João Gilberto e Gal Costa, realizado pela extinta TV Tupi. Ao lado deste que fora uma das maiores influências, participou em 1981 do álbum Brasil, do seu mestre João Gilberto. O disco, que contou também com a presença de Gil e Bethânia, foi lançado pela gravadora WEA, paralelamente à estreia da peça O percevejo, do poeta russo Vladimir Maiakóvski, com a participação de Dedé Veloso como atriz, e alguns poemas musicados pelo próprio Caetano. Um deles, O amor, se tornaria sucesso na voz de Gal.

Em 1974 lançou, ao lado de Gil e Gal, o disco Temporada de verão, gravado no Teatro Castro Alves, em Salvador, com destaque para a regravação de Felicidade, de Lupicínio Rodrigues, e as inéditas De noite na cama (que seria regravada posteriormente por Marisa Monte e Erasmo Carlos, novamente obtendo êxito) e O conteúdo, ambas de sua autoria.

A Tropicália seria retomada no álbum Tropicália 2 (1993), que comemorou os vinte e cinco anos do movimento e trinta anos de amizade entre Caetano e Gil, e ainda retomando a parceria entre ambos, contendo algumas doses de experimentalismo (Rap popcreto, Aboio, Dada, As coisas), uma crítica à situação política do país (Haiti - rap social da dupla), uma homenagem ao cinema (o movimento Cinema novo), ao carnaval baiano (Nossa gente - também gravada pela banda Cheiro de amor com sucesso), ao poeta Arnaldo Antunes (As coisas - cuja letra foi musicada de um trecho deste livro homônimo), e ainda ao músico Jimi Hendrix, com Wait until tomorrow. Anteriormente, ambos já haviam lançado um compacto simples com as canções Cada macaco no seu galho (Riachão), também inclusa no repertório deste, e Chiclete com banana (Gordurinha e Almira Castilho).

Em 1973, apresentou-se no evento Phono 73, série de espetáculos promovidos pela gravadora Philips com todo o elenco desta, no Anhembi (São Paulo), onde ele cantou a canção Eu vou tirar você deste lugar, do ícone considerado brega Odair José. Um compacto simples com as musicalizações para Dias dias dias (com citação para Volta, de Lupicínio Rodrigues) e Pulsar (Augusto de Campos) saiu encartado em Caixa preta (Edições Invenção), obra do poeta em parceria com Júlio Plaza; quatro anos depois, também saiu acoplado ao livro Viva vaia (editora Duas Cidades), que seria então publicado por Augusto. Participou de um espetáculo com Gilberto Gil na Nigéria (1977), onde passaram cerca de um mês. Em abril, foi publicado pela editora Pedra q ronca o livro Alegria alegria, com uma série de artigos, manifestos e poemas de Caetano, além de entrevistas com ele, realizada pelo conterrâneo, amigo e poeta Waly Salomão.

Em 1979, apresentou-se em um festival na TV Tupi defendendo a canção Dona culpa ficou solteira, de Jorge Ben, onde foi vaiado e a canção desclassificada.

A década de 1970 foi muito importante para carreira de Caetano, e para toda a MPB. Entre as canções de Caetano mais representativas desse período, estão, entre outras: Louco por você, Cá-já, A Tua presença morena, Épico, It's a long way, Um índio, Oração ao tempo, A little more blue, Nine out of ten, Maria Bethânia, Júlia/ Moreno, Minha Mulher, Tigresa, Cajuína, You don't know me e London London.

Doces Bárbaros

Ao lado dos colegas Gilberto Gil e Gal Costa, lançou o disco Doces Bárbaros, do grupo batizado com o mesmo nome e idealizado pela irmã Maria Bethânia, que era um dos vocais da banda. O disco é considerado uma obra-prima; apesar disso, curiosamente na época do lançamento (1976) foi duramente criticado. Ao longo dos anos, o lema Doces Bárbaros foi tema de filme com direção de Jom Tob Azulay, DVD e enredo da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira'em 1994, com a canção Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu (paráfrase do verso de Atrás do trio elétrico, gravada em 1969), puxadores de trio elétrico no carnaval de Salvador, apresentaram-se na praia de Copacabana e numa apresentação para a rainha da Inglaterra. O quarteto Doces Bárbaros era uma típica banda hippie dos anos 1970.

Inicialmente o disco seria gravado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compacto duplo de estúdio, com as canções Esotérico, Chuckberry Fields Forever, São João Xangô Menino e O seu Amor, todas gravações raras.

Anos 1980

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Caetano Veloso no TIM Festival.

Nos anos 1980, cresceu a popularidade no exterior, principalmente em Israel, Portugal, França e África. Comandou, em 1986, ao lado de outro dos grandes cantores de sua geração, o carioca Chico Buarque, com quem gravou um antológico disco ao vivo em 1972, na apresentação do programa Chico e Caetano (TV Globo). O sucesso deste acabou por originar o álbum Melhores momentos de Chico e Caetano, que contou com a participação especial, dentre outros, de Rita Lee, Jorge Benjor, Astor Piazzolla, Elza Soares, Tom Jobim, Luiz Caldas, o grupo Fundo de Quintal e Paulo Ricardo.

Além deste, neste ano lançou dois discos: Totalmente demais, originado de um espetáculo acústico (outubro de 1985) que fora gravado no hotel carioca Copacabana Palace. Este disco, lançado para o projeto Luz do Solo inclusive, foi o primeiro grande sucesso da carreira, que vendeu cerca de 250 mil cópias e que trouxe regravações de canções que fizeram sucesso na voz de outros cantores, com destaque para a faixa-título, proibida pelo regime militar havia três anos, e ainda Caetano Veloso, também conhecido como Acústico, pelo selo Nonesuch, que trouxe regravações dos antigos sucessos neste formato. Este disco contou com a participação especial de três músicos: Tony Costa (violão), Marcelo Costa e Armando Marçal (percussão). Lançado inicialmente nos EUA, onde foi gravado, foi distribuído no Brasil somente quatro anos depois (outubro de 1990) e obteve boa recepção crítica, originando um espetáculo na casa carioca Canecão, que seria reiniciado em abril de 1991. Nesse mesmo mês, no dia 21, dia de Tiradentes, fez uma apresentação em homenagem ao Dia da Terra, que contou com a participação de cerca de cinquenta mil pessoas, realizado na enseada do Botafogo, no Rio de Janeiro.

Em 1981, o disco Outras palavras atingiu a marca de cem mil cópias vendidas, tornando-se o maior sucesso da carreira até então e lhe garantiu o primeiro Disco de Ouro. A vendagem deste disco foi impulsionada pelos sucessos Lua e estrela e Rapte-me camaleoa, esta última composta em homenagem à atriz Regina Casé. Neste disco também homenageou a também atriz Vera Zimmerman, com a canção Vera Gata, a língua portuguesa, numa incursão poética vanguardista (com a faixa-título), o estado de São Paulo (Nu com a minha música), o poeta Paulo Leminski (Verdura), a cultura do candomblé e umbanda (Sim/não), o grupo Os Trapalhões (Jeito de corpo) e o cantor francês Henri Salvador (Dans mon ile), a quem também homenagearia na canção Reconvexo, gravada por Maria Bethânia. Nessa mesma época, causou polêmica ao se desentender com a imprensa especializada (jornalistas e poetas como Décio Pignatari com quem se reconciliaria em 6 de dezembro de 1986, José Guilherme Merquior - que o acusou de "pseudointelectual que tenta usurpar a área do pensamento", e Paulo Francis).

Participou como ator, em 1982, do filme Tabu, de Júlio Bressane, onde interpretou o compositor Lamartine Babo, e sete anos depois, de Os Sermões - A História de Antônio Vieira, como Gregório de Matos, também de autoria de Júlio. No ano seguinte, inaugurou o programa Conexão Internacional, da extinta TV Manchete, numa gravação realizada em Nova Iorque, onde entrevistou Mick Jagger, cantor do grupo Rolling Stones. Em fins de 1988 - dezembro, a editora Lumiar publicou um songbook (livro de canções), produzido por Almir Chediak, desmembrado em dois volumes e com as letras e cifras de 135 músicas.

Em 1984 veio Velô, acompanhado pelos músicos da Banda Nova, com destaque, dentre outras, para Podres poderes, O pulsar, a regravação de Nine out of ten (gravada originalmente no álbum Transa, de 1972), O quereres, uma homenagem ao pai com O homem velho, Comeu, Shy moon e Língua, uma homenagem à língua portuguesa. Estas duas últimas contaram com as participações especiais de Ritchie e Elza Soares.

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit estadunidense que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de Mágoa e Seca d´Água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.

A década de 1980 foi o momento em que Caetano começou a lançar seus discos e fazer shows maiores no exterior. Dentre as gravações mais representativas deste período na carreira do artista, e para toda a MPB, estão, entre outras: Os outros românticos, O estrangeiro, José, Giulieta Massina, O ciúme, Eu sou neguinha, Ele me deu um beijo na boca, Outras Palavras, Peter Gast, Eclipse oculto, Luz do sol, Jasper, Queixa, O quereres, O homem velho, Trem das cores, Noite de Hotel, Este amor, Rapte-me camaleoa, Língua e Podres Poderes.

Trilhas de filmes

Em 2004, foi considerado um dos mais respeitados e produtivos pop stars latino-americanos no mundo, com mais de cinquenta álbuns lançados, incluindo canções em trilhas sonoras de filmes de longa-metragem como Hable con ella, de Pedro Almodóvar; Frida, uma biografia da pintora mexicana; São Bernardo, de Leon Hirszman, com roteiro a partir do romance homônimo de Graciliano Ramos; o documentário Cinema Falado, relançado em 2003 em DVD, cujo título remete ao primeiro verso de um antigo samba de Noel Rosa; Lisbela e o Prisioneiro, de Guel Arraes; Tieta do Agreste, de Cacá Diegues, baseado no romance homônimo do escritor Jorge Amado; A dama do lotação, de Neville de Almeida, baseado no conto homônimo de Nelson Rodrigues; O Quatrilho, de Fábio Barreto; O coronel e o lobisomem; Orfeu; Proezas do Satanás na Terra do Leva-e-Traz, de Paulo Gil Soares; Ó Paí, Ó, de Monique Gardenberg, dentre outros.

Em 2002 publicou um livro sobre o movimento da Tropicália, Tropical Truth: A Story of Music and Revolution in Brazil (Tropicália: uma história de música e revolução no Brasil) e em 1997 redigiu o texto de Verdade Tropical (editora Companhia das Letras - 524 páginas), livro este onde relatou as lembranças do Tropicalismo e um relato pessoal sobre a visão de mundo, paralelamente ao lançamento do CD Livro, muito elogiado pela crítica especializada e indicado para o prêmio Grammy Latino em setembro de 2000, na categoria World Music (Música do Mundo). No repertório, a recriação de um trecho do poema O Navio Negreiro, do conterrâneo Castro Alves, algumas canções inéditas (Os passistas, Doideca, Você é minha, Livro, Um tom, Manhatã - dedicada a Lulu Santos -, Não enche, Alexandre e Para ninguém), regravações de clássicos da MPB (Na baixa do sapateiro, de Ary Barroso) e de canções de sua autoria (Onde o Rio é mais baiano e Minha voz, minha vida, feita nos anos 1980, mais precisamente em 1982, para Gal Costa gravar), e How beautiful could a being be, do filho Moreno.

Deste disco, foi originado o espetáculo Prenda minha, que por sua vez originou o também elogiado CD homônimo, lançado em fins de 1998, que trouxe regravações dos antigos sucessos entre outras canções consagradas, na ausência total de canções do disco de estúdio. Inclusive este CD foi o primeiro a atingir a marca de um milhão de cópias vendidas na sua carreira, vendagem esta alavancada pelo estrondoso sucesso da regravação da canção Sozinho (Peninha), que incluída na trilha sonora da telenovela Suave Veneno, de Aguinaldo Silva, explodiu nas rádios brasileiras. Exibiu alta produtividade também como compositor, com viés predominantemente poético e intelectual.

Destaques discográficos

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Caetano Veloso no Coliseu de Lisboa.

A primeira produção de um CD totalmente em Inglês (já havia lançado o disco "Fina Estampa" totalmente em Espanhol) foi A Foreign Sound -- Um som Estrangeiro (2004), no qual interpretou clássicos da música estadunidense e inglesa. Da vasta discografia, destacou-se também o álbum Estrangeiro, gravado em Nova Iorque, após uma série de apresentações na Itália em abril, foi gravado em parceria com Arto Lindsay, que obteve ótima recepção crítica da imprensa dos EUA, rendendo-lhe o extinto Prêmio Sharp (atual Prêmio Tim) de música (1989), tendo como um dos grandes êxitos a canção Meia lua inteira (de um compositor até então novato, Carlinhos Brown), que integrou a trilha sonora da telenovela Tieta de Aguinaldo Silva, e também gravou um LP em espanhol, Fina Estampa (1994), que trouxe clássicos latino-americanos com arranjos do maestro e violoncelista Jacques Morelenbaum, em estilo de bossa nova, e originou um álbum ao vivo homônimo, com parte daquelas canções entre outras músicas consagradas e pouco conhecidas da MPB (O samba e o tango, Canção de amor, Suas mãos, Lábios que beijei, Você esteve com meu bem), regravações dos antigos sucessos (Haiti, O pulsar, Itapuã, Soy loco por ti América) e canções em espanhol fora do disco de estúdio, com Cucurrucucú paloma, La barca e Ay amor. O espetáculo contou com poucas apresentações em território nacional, apresentando-se principalmente na cidade italiana de Nápoles (agosto de 1994, num encontro com o cantor Lucio Dalla). Inclusive a versão em CD do álbum de estúdio trouxe três músicas a mais: Tonada de luna llena, Lamento borincano e Vete de mi.

Outro trabalho que obteve relevante sucesso foi Omaggio a Federico e Giulietta (1999), com parte das canções em italiano (Come prima, Gelsomina e Luna rossa, que integrou a trilha sonora da telenovela Terra Nostra, de Benedito Ruy Barbosa), consistindo em uma homenagem ao cineasta italiano Federico Fellini e a esposa, a atriz cinematográfica Giulietta Masina, a quem também homenagearia na canção homônima, incluída neste mesmo disco. Ela também fez parte do repertório do disco Caetano (1987), que vendeu cem mil cópias. Inclusive esta canção foi proibida na época do lançamento. Diferentemente dos lançamentos anteriores, este Caetano não foi acompanhado de entrevistas. Caetano, desgostoso com a imprensa, quis cortar relações com ela. O espetáculo realizado em Paris (março de 1988), lhe garantiu uma aparição exclusiva na revista Vogue.

A maior parte das canções do álbum Caetano Veloso, gravado em Londres pelo selo Famous da Paramount Records, foram cantadas em inglês, e Transa mesclou português e inglês nas canções, ambos de 1971. Um dos sucessos deste, London London, acabou por ser regravada pelo grupo RPM quinze anos depois, novamente colocando a canção nas paradas de sucesso, e a regravação de Asa branca (de autoria da dupla Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira).

Transa, com uma capa inusitada em formato de objeto tridimensional, com destaque para a regravação do samba Mora na filosofia (de autoria da dupla Monsueto e Arnaldo Passos) e Triste Bahia (feita sobre inspiração de um trecho de soneto do conterrâneo, o poeta barroco Gregório de Matos). Transa também iniciou uma trilogia marcada pelo experimentalismo. O segundo trabalho nesse caminho foi o polêmico Araçá Azul (1973), que surpreendeu pelo perfil anticomercial, tendo por isso grande número de devoluções, foi retirado de catálogo e relançado somente em 1987.

Em fins de 1971 também lançou o compacto duplo O Carnaval de Caetano, com destaque para a canção Chuva, suor e cerveja, que obteve enorme sucesso no ano seguinte. Na época, lançou outros compactos destinados ao mercado carnavalesco: Piaba, Um frevo novo, A filha da Chiquita Bacana, Massa real e Deus e o diabo.

A última obra da trilogia foi Jóia (1975), lançado juntamente com Qualquer coisa. A capa original deste primeiro foi censurada por exibir um auto-retrato, a então mulher e o filho nus - num desenho de sua autoria, cuja capa só seria reconstituída dezesseis anos depois, quando da reedição em CD. A capa de Qualquer coisa foi uma paráfrase à do álbum Let it be, do grupo inglês The Beatles, a quem homenageou justamente nesses dois discos, com as canções Let it be, Eleanor Rigby e For no one (Qualquer coisa) e Help (Jóia).

Um dos discos mais aclamados pela crítica estrangeira foi o álbum "Estrangeiro", lançado em 1989. Não diferente aconteceu com os álbuns "Circuladô", "Livro" e "Noites do Norte". No Brasil, além desses álbuns, também tiveram críticas positivas discos como: Cê, Velô, Fina Estampa, Eu não peço desculpa, A foreign sound e Caetano [87].

Em termos de importância, muitos são os discos do artista Caetano Veloso que devem ser citados obrigatoriamente na história da Música Popular Brasileira: Transa [1972], Jóia [1975], Livro [1997], Caetano Veloso [1971], Cê [2006], Cinema Transcendental [1979], Qualquer Coisa [1975], Circuladô [1991], Bicho [1977], Uns [1983], e outros.

Em 2008, Caetano e o cantor Roberto Carlos fizeram um show juntos em tributo a Antônio Carlos Jobim, no qual foi registrado o CD e DVD Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Tom Jobim.

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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Destruição de Hiroshima

Em 6 de agosto de 1945, a cidade japonesa de Hiroshima é destruída pela primeira bomba atômica detonada pelo homem como arma de guerra. A bomba foi lançada de um avião americano modelo B-29, batizado de "Enola Gay". Três dias depois, a segunda bomba destruia Nagazaki, pondo fim à Segunda Guerra Mundial.

 

 

 

Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki

 


A nuvem de cogumelo sobre Hiroshima após a queda da Little Boy

A nuvem de cogumelo resultante da explosão nuclear da Fat Man sobre Nagasaki, 18 km acima do solo, a partir do hipocentro.

Armas nucleares

Uma das primeiras bombas atômicas.

 

Os Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki foram ataques nucleares ocorridos no final da Segunda Guerra Mundial contra o Império do Japão realizados pela Força Aérea dos Estados Unidos da América na ordem do presidente americano Harry S. Truman nos dias 6 de agosto e 9 de agosto de 1945.[1] Após seis meses de intenso bombardeio em 67 outras cidades japonesas, a bomba atômica "Little Boy" caiu sobre Hiroshima numa segunda-feira.[2] Três dias depois, no dia 9, a "Fat Man" caiu sobre Nagasaki. Historicamente, estes são até agora os únicos ataques onde se utilizaram armas nucleares.[3] As estimativas, do primeiro massacre por armas de destruição maciça, sobre uma população civil, apontam para um número total de mortos a variar entre 140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki,[4] sendo algumas estimativas consideravelmente mais elevadas quando são contabilizadas as mortes posteriores devido à exposição à radiação.[5] A maioria dos mortos era civil.[6][7][8]

As explosões nucleares, a destruição das duas cidades e as centenas de milhares de mortos em poucos segundos levaram o Império do Japão à rendição incondicional em 15 de agosto de 1945, com a subsequente assinatura oficial do armistício em 2 de setembro na baía de Tóquio e o fim da II Guerra Mundial.

O papel dos bombardeios atômicos na rendição do Japão, assim como seus efeitos e justificações, foram submetidos a muito debate. Nos EUA, o ponto de vista que prevalece é que os bombardeios terminaram a guerra meses mais cedo do que haveria acontecido, salvando muitas vidas que seriam perdidas em ambos os lados se a invasão planejada do Japão tivesse ocorrido. No Japão, o público geral tende a crer que os bombardeios foram desnecessários, uma vez que a preparação para a rendição já estava em progresso em Tóquio.

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domingo, 5 de agosto de 2012

Jesse Owens o homem que calou Hitler.

 

Personagens

 

No dia 5 de agosto de 1936 - O atleta negro norte-americano Jesse Owens ganha a terceira medalha de ouro na Olimpíada de Berlim, na Alemanha. Na época, o país estava sob o domínio do nazismo.

 

 

Jesse Owens

campeão olímpico

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Jesse Owens em Berlim 1936

Informações pessoais

Nome completo

James Cleveland Owens

Modalidade

Atletismo

Nascimento

12 de Setembro de 1913
Oakville, Alabama

Nacionalidade

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Falecimento

31 de março de 1980 (66 anos)
Tucson, Arizona

Compleição

Peso: 71 kg Altura: 1,78 m

Medalhas

Jogos Olímpicos

Ouro

Berlim 1936

100 metros rasos

Ouro

Berlim 1936

200 metros rasos

Ouro

Berlim 1936

4x100 metros rasos

Ouro

Berlim 1936

Salto em comprimento

James Cleveland "Jesse" Owens (Oakville, 12 de setembro de 1913 - Tucson, 31 de março de 1980) foi um atleta e líder civil afro-americano. Ele participou nos Jogos Olímpicos de Verão de 1936 em Berlim, Alemanha, onde se tornou conhecido mundialmente por ganhar quatro medalhas de ouro nos 100 e 200 m rasos, no salto em distância e no revezamento 4x100 m. Em 2012, foi imortalizado no Hall da Fama do atletismo, criado no mesmo ano como parte das celebrações pelo centenário da IAAF.

 

Owens x Hitler

A notória propaganda pan-alemanista não ficou de fora dos Jogos Olímpicos de Berlim, tanto que o incentivo aos atletas germânicos (não judeus) foi tão grande que estes conseguiram colocar a Alemanha no topo do ranking com 33 medalhas de ouro seguidos do segundo colocado, os EUA com 24 medalhas de ouro.

Uma imensa movimentação foi feita, em que os anfitriões cantavam o hino alemão "Deutschland, Deutschland über Alles" ("Alemanha acima de todos", em português), saudavam com um "Sieg Heil".

Antes de começar a saga de Owens, Cornelius Johnson, um outro atleta negro, ganhou a medalha de ouro no salto em altura. Hitler que até então tinha apenas apertado a mão de um atleta finlandês e outro alemão ambos vencedores de atletismo, retirou-se do estádio logo no primeiro dia, após ser alertado pelo Comitê Olímpico Internacional de que teria de cumprimentar todos os vencedores ou nenhum destes. A versão conhecida de que Hitler tenha abandonado o estádio quando Owens venceu foi trocada pela de quando Johnson o fez. Isso porque a falsa propaganda aliada preferia consagrar Owens, que ganhou não uma, mas quatro medalhas.

Daí em diante entrava em cena Jesse Owens, que venceu os 100 m e 200 m rasos, revezamento de 400 m e salto em distância. Quando Owens venceu a prova dos 200 m ele mirou seus olhos para o COI e não para a tribuna de Hitler, pois Hitler estava ausente no dia. Jesse Owens foi aclamado por milhares de torcedores de diversas nações naquele dia, juntamente com o alemão Lutz Long, que terminou a prova em segundo lugar. Os EUA conseguiram vencer dez provas de atletismo. Destas, seis medalhas de ouro foram conseguidas com a participação de quatro negros.

A maior conquista de Owens foi não se contrapor ao regime hitlerista, mas sim abalar a noção racista da nação americana no século XX, como ele mesmo deixou bem claro em sua biografia. Ele declarou que o que mais o magoou não foram as atitudes de Hitler, mas o fato do presidente americano Franklin Delano Roosevelt não ter lhe mandado sequer um telegrama felicitando-o por suas conquistas na olimpíada.

Entretanto, a grande verdade é que Adolf Hitler estava realmente presente no dia e se negou a cumprimentar o vitorioso atleta, de acordo com sua ideologia nazista de que o homem branco era superior ao negro.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Biografia de Carlos Cachaça

 

Carlos Cachaça

 

Carlos Moreira de Castro era um tímido e também ficou sujeito ao preconceito do seu apelido: Cachaça. E nem foi de beber tanto assim, pois ganhou, ao se aposentar, um título de funcionário padrão, pois nunca faltou à repartição. Assiduidade combina com embriaguez? A humildade era tão grande, que em 1987, membro da Comissão de Frente da Mangueira, ao ser chamado para o carro que nos levaria de volta à casa, retrucou: Obrigada, eu vou pegar carona no caminhão da Comlurb Limpeza Urbana).

Carlos Cachaça, fundador da escola de samba da Mangueira, foi o primeiro a inserir elementos históricos nos sambas de enredo, o que é uma norma até hoje. Carlos esteve em atividade até a morte, aos 97 anos.
Carlos Moreira de Castro, o Carlos Cachaça, compositor, nasceu no Rio de Janeiro em 03/08/1902, faleceu em 16/08/1999.
Nasceu perto do morro da Mangueira, onde foi morar aos oito anos de idade. Carlos foi testemunha e figurante das várias manifestações religiosas e culturais criadas pelos negros das quais o Morro de Mangueira é um centro de preservação e de irradiação.
Nunca deixou as vizinhanças do subúrbio e já aos 12 anos saía nos blocos carnavalescos formados pelos freqüentadores do morro.
Abandonou os estudos no curso ginasial para se dedicar
ao samba, passando a fazer parte, como pandeirista, em 1918, do conjunto de Elói Antero Dias, o Mano Elói, um dos primeiros a gravar pontos de macumba em discos.
Começou a trabalhar na estrada de Ferro Central do Brasil, seguindo o mesmo ofício do pai.
Por volta de 1922 conheceu o compositor Cartola, que se tornaria um dos seus grandes parceiros, com quem formou três anos mais tarde o Bloco dos Arengueiros, embrião da G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, fundada em 1928.
Seu primeiro samba - Ingratidão - foi composto em 1923; nos anos seguintes, dedicou-se a sambas-enredo e sambas de terreiro, para a então fundada escola de samba.
Em 1932 a Mangueira foi campeã do desfile com o samba Pudesse meu ideal, primeira composição sua em parceria
com Cartola.
Compôs, em 1933, Homenagem, um dos primeiros sambas-enredo a incluir personagens da história do Brasil, gênero que o tornou conhecido também fora do morro.
Araci de Almeida gravou na Victor, em 1937, seu samba,
feito em parceria com Cartola e Zé da Zilda, "Não quero mais", depois chamado "Não quero mais amar a ninguém", regravado em 1973 por Paulinho da Viola no seu LP Nervos de aço (Odeon), e que no ano do lançamento tirou o primeiro lugar entre os sambas apresentados no desfile de escolas.
Seu apelido surgiu na casa de certo tenente do Corpo de Bombeiros, ponto de encontro de sambistas, vários deles chamados Carlos; para distingui-los, cada um ganhou um apelido, e o seu ficou sendo Carlos Cachaça por causa de sua bebida preferida.
Sua última participação ativa na Mangueira ocorreu em 1948, quando a escola foi a primeira a colocar som no desfile, para o samba-enredo Vale de São Francisco, mais uma parceria com Cartola.
No LP de Cartola editado pela Marcus Pereira, em 1974, teve incluídos seus sambas Quem me vê sorrir (com Cartola) e Alvorada no morro (com Cartola e Hermínio Belo de Carvalho).
Ele próprio gravou Vingança e Homenagem no LP sobre a Mangueira, da série História das escolas de samba, lançado pela Marcus Pereira em 1974.
Em dezembro de 1980 lançou pela Ed. José Olympio, em co-autoria com Marília T. Barboza da Silva e Arthur L. Oliveira Filho, o livro Fala, Mangueira.
Em 1997 comemorou 95 anos com festa na quadra da Estação Primeira em homenagem ao único fundador vivo da escola.

http://www.letras.com.br/biografia/carlos-cachaca

 

Alvorada no Morro com Cartola – Gravado no programa mpb especial (Ensaio) produzido pela tv cultura 1974