terça-feira, 27 de agosto de 2013

Porque os médicos cubanos não são escravos

Entenda por que médicos cubanos não são escravos

Especialista em estudos cubanos, o jornalista Hélio Doyle explica por que a remuneração dos profissionais de saúde de Cuba é paga diretamente ao governo de Raúl Castro

Medicos Cubanos não são 2

Autor de uma série de artigos sobre a vinda dos médicos cubanos, reunidos no 247 sob o título "O que você precisa saber sobre médicos cubanos", o jornalista Hélio Doyle publicou neste domingo uma resposta clara aos jornalistas e críticos do programa Mais Médicos que apontam escravidão na vinda de profissionais de saúde daquele país. Leia abaixo:

UM POUCO MAIS SOBRE OS MÉDICOS CUBANOS

Parece que o último argumento contra a contratação dos médicos cubanos é a remuneração que vão receber. Pois é ridículo, quando prevalecem fatos, indicadores internacionais e números, falar mal do sistema de saúde e da qualidade dos médicos de Cuba. A revalidação dediploma também não é argumento, pois os médicos estrangeiros trabalharão em atividades definidas e por tempo determinado, nos termos do programa do governo federal. Não tem o menor sentido, também, dizer que os cubanos não se entenderão com os brasileiros por causa da língua – primeiro, porque vários deles falam o português e o portunhol, segundo porque os médicos cubanos estão acostumados a trabalhar em países em que a lingua falada é o inglês, o francês, o português e dialetos africanos, e nunca isso foi entrave.

Resta, assim, a forma de contratação e, mais uma vez sem medo do ridículo, falam até de trabalho escravo. Essa restrição também não tem procedência, nem por argumentos morais ou éticos (e em boa parte hipócritas), nem com base na legislação brasileira e internacional. Vamos a duas situações hipotéticas, embora ocorram rotineiramente.~

Imagem Ilustrativa

Imagem Ilustrativa

1 Uma empreiteira brasileira é contratada por um governo de país europeu para uma obra. Essa empreiteira vai receber euros por esse trabalho e levar àquele país, por tempo determinado, alguns engenheiros, geólogos, operários especializados e funcionários administrativos, todos eles empregados na empreiteira no Brasil. Encerrado o contrato no país europeu, todos voltarão ao Brasil com seus empregos assegurados. Quem vai definir a remuneração desses empregados da empreiteira e pagá-los, ela ou o governo do país europeu? É óbvio que é a empreiteira.

2 – Os governos do Brasil e de um país africano assinam um acordo para que uma empresa estatal brasileira envie profissionais de seu quadro àquele país para dar assistência técnica a pequenos agricultores. O governo brasileiro será remunerado em dólares pelo governo africano. A estatal brasileira designará alguns de seus funcionários para residir e trabalhar temporariamente no país africano. Quem vai definir a remuneração dos servidores da empresa estatal brasileira e lhes fará o pagamento, a estatal brasileira ou o governo do país africano? É óbvio que é a empresa estatal brasileira.

Por que, então, tem de ser diferente com os médicos cubanos? Eles não estão vindo para o Brasil como pessoas físicas, nem estão desempregados. São servidores públicos do governo de Cuba, trabalham para o Estado e por ele são remunerados. Quando termina a missão no Brasil (ou em qualquer outros dos mais de 60 países em que trabalham), voltam para Cuba e para seus empregos públicos.

Não teria o menor sentido, assim, que esses médicos, formados em Cuba e servidores públicos cubanos, fossem cedidos pelo governo de Cuba para trabalhar no Brasil como se fossem pessoas físicas sendo contratadas. Para isso, eles teriam de deixar seus postos no governo de Cuba. Como não faria sentido que os empregados da empreiteira contratada na Europa ou da estatal contratada na África assinassem contratos e fossem remunerados diretamente pelos governos desses países.  Trata-se de uma prestação de serviços por parte de Cuba, feita, como é natural, por profissionais dos quadros de saúde daquele país.

A outra crítica é quanto à remuneração dos médicos cubanos. Embora menor do que a que receberão os brasileiros e estrangeiros contratados como pessoas físicas, está dentro dos padrões de Cuba e não discrepa substancialmente do que recebem seus colegas que trabalham no arquipélago. É mais, mas não muito mais. Não tem o menor sentido, na realidade cubana, que um médico de seus serviços de saúde, trabalhando em outro país, receba R$ 10 mil mensais. E, embora os críticos não aceitem, há em Cuba uma clara aceitação, pela população, de que os recursos obtidos pela exportação de bens e serviços (entre os quais o turismo e os serviços de educação e saúde) sejam revertidos a todos, e não a uma minoria. O que Cuba ganha com suas exportações de bens e serviços, depois de pagar aos trabalhadores envolvidos, não vai para pessoas físicas, vai para o Estado. 

Padilha Mais Médicos

Programa Mais Médicos foi uma iniciativa do ministro da Saúde José Padilha (Foto: Agência Brasil)

A possibilidade de ganhar bem mais é que faz com que alguns médicos cubanos prefiram deixar Cuba e trabalhar em outros países como pessoas físicas. É normal que isso aconteça, em Cuba ou em qualquer país (não estamos recebendo portugueses e espanhóis?) e em qualquer atividade (quantos latino-americanos buscam emigrar para países mais desenvolvidos?). Como é normal que muitos dos médicos cubanos aprovem o sistema socialista em que vivem e se disponham a cumprir as “missões internacionalistas” em qualquer parte do mundo, independentemente de qual é o salário. Para eles, a medicina se caracteriza pelo humanismo e pela solidariedade, e não pelo lucro.

É difícil entender isso pelos que aceitam passivamente, aprovam ou se beneficiam da privatização e da mercantilização da medicina e da assistência à saúde no Brasil.

brasil247.com 26 Agosto de 2013 - 07:19

Fonte Tribuna Hoje

Imagens Internet

domingo, 25 de agosto de 2013

A fragilidade humana e o soco de Deus

Ouvia ontem a música de Vinicius e Toquinho: “Sei lá a vida tem sempre razão” uma das preciosidades do companheirismo dos dois mestres. Dizem que na nossa vida sempre colocamos fundos musicais, uma forma de juntar poesia e ritmo em nossos momentos alegres ou tristes.

“...Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer..”

Viver sempre com intensidade ter a paixão nos olhos e no coração. Mais importante que as palavras às atitudes, as palavras sejam o norte do nosso pensamento, e no momento as ações sejam a somatória dos sentimentos.

Vivo uma fase especial, o de admitir que o meu tempo esteja chegando, como a taça de vinho tinto saboroso que você gostaria de tomar mais um pouco. E a garrafa escura é uma incógnita.

No dia dos Pais relembrei a partida do meu velho, o último dia que passamos com ele em 1958. Até hoje sinto a falta de meus pais. Algo natural, mas tão difícil de entender, mais ainda quando perdemos quem amamos, e vimos nascer. Domingo passado estive na despedida de uma quase filha, vinda de uma doença em que lutou bravamente por mais de cinco anos. Quem passou por isso sabe como dói ver essa inversão, os mais velhos verem os mais novos irem.

Nesse momento me vem à música de outros mestres Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, “Quando eu me chamar saudades”. Também a poesia quem traz a explicação do insondável:

“...Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora
Me dê as flores em vida
O carinho...”

Tivemos bons momentos com todos que se foram vívidos com intensidade, revejo hoje velhas fotos de família, um sentido de você pertencer a algo maior, uma continuidade de paixões amores de tantas pessoas que vieram antes de você e outras nascidas depois.

Creio que não entendemos o fim de nossas vidas, nem a ameaça da doença. Vi nesses muitos anos de minha vida, as pessoas se afastarem nos momentos em que estamos com a maior fragilidade física. Como se os doentes e idosos, mostram nossa fragilidade e o instante que é a vida humana.

Na segunda-feira tendo dormido pouco, ideias muitas na cabeça, o velho corpo tropeçou e cai como uma fruta passada com o rosto no chão. Com um prato na mão, e os óculos estilhaçados, muitos cortes o chão encharcado entre líquido vermelho de meu corpo e vidro moído, fiquei muito tempo. Coisas de estatísticas de acidentes com idosos em casa. Sequelas apenas uma cicatriz na pálpebra, e um olho roxo e infecionado.

Se o gol do Maradona teve a mão de Deus, recebi um soco. O tempo é finito, e continuar viver com paixão é necessário. Terminar o começado, começar o adiado.

Hoje domingo de sol maravilhoso, vou sair para celebrar de forma singela a partida. Um pastel de feira e caldo de cana, e muita, mas muita saudade.

Querida sobrinha-filha, descanse em paz. Até logo, ‘te amo muito’.

Tio Hugo

O sonho não realizado Martin Luther King III

Filho de Luther King pede continuação da luta do pai

Martin III

Fotografia © REUTERS/Kevin Lamarque

Martin Luther King III pediu hoje perante dezenas de milhares de pessoas a continuação da luta que a geração do seu pai iniciou há 50 anos, exatamente no mesmo local em que proferiu o discurso "I have a dream".

 

Martin Marcha 2

Luther King III, que seguiu exemplo do seu pai na defesa dos direitos civis, pediu aos manifestantes reunidos em Washington para não darem "sequer um passo atrás" na luta pelos seus direitos e disse que o sonho que Martin Luther King disse ter tido há 50 anos ainda está por realizar nos Estados Unidos.

"Estou aqui neste lugar sagrado sobre as pegadas do meu pai, comovido pela história intensa, mas mais do que isso gosto de saber que vocês continuam a sentir a sua presença, que continuam a ouvir a sua voz [de desejo de alcançar um sonho]. (...) Mas este não é o tempo para as comemorações nostálgicas, (...) é tempo para continuar a tarefa", afirmou.

Luther King III fez a defesa da reforma das leis da imigração, que se encontra atualmente no centro da discussão política nos Estados Unidos, sustentando que "deve ser adotada para que acabe o assédio que sofrem os irmãos e irmãs [sobretudo hispânicos] e para garantir-lhes o caminho da cidadania".

"Da mesma forma que estamos a recuperar da pior crise económica desde a Grande Depressão, os Estados Unidosprecisam de um novo Plano Marshall para gerar empregos nas suas cidades, melhorar as infraestruturas e criar um estímulo económico", acrescentou.

Luther King III invocou também o "imperativo fundamental do amor", um poder a que se referiu o seu pai no célebre discurso há meio século, para apelar ao fim da violência traduzida por episódios como os tiroteios de Columbine ou Newtown.

Fonte Diário de Notícias Globo – Portugal

Fotos montagen internet

Tráfico de Escravos e a Abolição UNESCO

Uma tragédia do passado que questiona o nosso presente

Devemos ensinar os nomes dos heróis dessa história, porque eles são os heróis de toda a humanidade. Ao homenagear anualmente, em 23 de agosto, as mulheres e os homens que lutaram contra essa opressão, a UNESCO busca encorajar a reflexão e o debate sobre uma tragédia que deixou sua marca no mundo assim como ele é hoje.

Algemas

Foto internet

Por meio de suas lutas, de sua aspiração por dignidade e liberdade, os escravos contribuíram para a universalização dos direitos humanos.

23 de agosto

Fotos de Conselho Nacional de Justiça (CNJ) · Página de Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

Devemos ensinar os nomes dos heróis dessa história, porque eles são os heróis de toda a humanidade. Ao homenagear anualmente, em 23 de agosto, as mulheres e os homens que lutaram contra essa opressão, a UNESCO busca encorajar a reflexão e o debate sobre uma tragédia que deixou sua marca no mundo assim como ele é hoje.

Sob o Projeto A Rota do Escravo, a UNESCO visa a revelar a extensão e as consequências dessa tragédia humana e a retratar a riqueza das tradições culturais que povos africanos forjaram em meio a adversidades – na arte, na música, na dança e na cultura, em seu sentido mais amplo. Este ano, na véspera do vigésimo aniversário do Projeto A Rota do Escravo, designei, como um Artista da Paz da UNESCO, Marcus Miller, que terá a missão de promover o Projeto A Rota do Escravo da UNESCO e transmitir mensagem de respeito desse projeto por meio da música. Esse empenho contribuirá para os esforços para a Década dos Povos Afrodescendentes (2013-2022), proclamada pelas Nações Unidas em 2012.

O tráfico de escravos não é apenas algo do passado: é nossa história e tem moldado a face de muitas sociedades modernas, criando laços indissolúveis entre povos e continentes, e transformando, de forma irreversível, o destino, a economia e a cultura das nações. Estudar essa história equivale a homenagear os combatentes pela liberdade e reconhecer suas contribuições singulares para a afirmação dos direitos humanos universais. Eles estabeleceram um exemplo para continuarmos a luta pela liberdade, contra o preconceito racial herdado do passado e contra novas formas de escravidão que subsistem até hoje e afetam em torno de 21 milhões de pessoas.

Hoje, convido todos os governos, as organizações da sociedade civil e os parceiros privados a redobrar seus esforços para transmitir essa história. Que isso seja uma fonte de respeito e um chamamento universal em prol da liberdade para as futuras gerações.

Neste Dia de Comemoração, a UNESCO convida todos os povos a relembrar, refletir sobre as consequências do passado em nosso presente, sobre as novas exigências de viver-se em conjunto em nossas sociedades mutilculturais e sobre a luta contra as formas contemporâneas de escravidão, das quais milhões de seres humanos ainda são vítimas.

Irina Bokova

Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, por ocasião do Dia Internacional para Relembrar o Tráfico de Escravos e a Abolição, 23 de agosto 2013

sábado, 24 de agosto de 2013

Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial - Primeiras Impressões

III Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo.
Julio Conferencia

Baixada Santista presente!

Primeiras Impressões de Julio Tumbi Are

PRIMEIRAS IMPRESSÕES - Acabamos de chegar do primeiro dia de trabalhos da III Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo. A maior Conferência Estadual do Brasil teve início com uma aprovação de regulamento conturbada que mostra uma militância negra, mesmo com a ausência de quadros importantes , já dizendo a que veio. Ao meu ver teremos uma Conferência bastante técnica tendo em vista o fato do temário abordar questões acerca de Desenvolvimento e Democracia ressaltando o acúmulo importante que o Estado de São Paulo possui em experiências de gestão na área de promoção da igualdade racial.
As manifestações, legítimas, ocorridas na abertura dos trabalhos demonstram a criticidade do controle social nesse processo, em especial dos militantes que fazem a política de fato na ponta, ou seja, a negrada dos movimentos e conselhos de direitos que não deixam por menos neste momento de consulta popular, e por que não, de prestação de contas dos poderes constituídos.
Por outro lado, na fala dos integrantes da mesa de trabalhos, em especial nas falas das deputadas Leci Brandão (estadual) e Janete Pietá ( federal) e também da Excelentíssima Ministra de Estado da Promoção da Igualdade Racial Luiza Bairros, vemos agentes políticos preocupados com quais serão os próximos passos das políticas de promoção da igualdade racial, principalmente nos avanços que as mesmas necessitam para que entrem de vez em consonância com os ideais de equidade, justiça social e enfrentamento ao racismo tão bradados pelos quatro cantos do nosso país.
Ainda sobre a abertura, especial destaque para a juventude negra presente e preocupada com os espaços de poder representada em todas as delegações regionais e já previamente articuladas por conta daqueles e daquelas remanescentes do Fórum Nacional de Juventude Negra que em São Paulo sempre obteve fortíssima articulação no interior e litoral do Estado e que pelo visto, nesta Conferência não será diferente.
Mais que especial o destaque da atuação organizada e combativa, mas sempre na perspectiva da cultura de paz, dos militantes presentes das religiões de matriz africana, demonstrando mais uma vez, que são, sem dúvida, o segmento mais organizado estruturalmente dentro do movimento negro organizado contemporâneo.
Finalmente, vai meu ponto positivo aos gestores e gestoras presentes neste primeiro dia e que fortaleceram o processo de organização das conferências municipais e regionais. Presentes e participativos lideraram suas delegações e certamente contribuirão positivamente para o debate tendo em vista as vivências pelos gabinetes municipais em busca de arranjos institucionais adequados para que o enfrentamento ao racismo institucional ganhe força dentro do Estado Democrático de Direito nos três níveis da Federação.
Infelizmente não houve tempo para a palestra do Mestre Hélio Santos que ficará para amanhã e iniciará o segundo dia de trabalhos por aqui.
Por enquanto são as primeiras impressões. Bom descanso aos 515 delegados e delegados.
Amanhã escrevo mais.
Atenciosamente,
Júlio Tumbi Are de
Santos

Brasil refúgio de peregrinos perseguidos

Peregrinos da Jornada da Juventude pedem refúgio ao Brasil

  Peregrinos

 

 

Mais de 40 peregrinos que participaram da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que ocorreu no fim de julho na capital fluminense, formalizaram nesta semana pedido de refúgio ao governo brasileiro.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), a maioria está no Rio de Janeiro e um grupo em São Paulo, todos acolhidos pela Cáritas Arquidiocesana, entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Entre os peregrinos que pediram refúgio, três são mulheres. Há solicitantes do Paquistão, de Serra Leoa e da República Democrática do Congo. Os peregrinos do Paquistão e de Serra Leoa alegam sofrer perseguições religiosas, já os do Congo pediram refúgio devido aos conflitos armados que assolam o país há décadas.

Os pedidos serão analisados pelo Comitê Nacional para Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, e o processo pode levar até aproximadamente oito meses. O porta-voz da Acnur, Luiz Fernando Godinho, explicou que enquanto esperam a resposta do Brasil, os solicitantes têm direito a tirar carteira de trabalho e CPF, além de todos os direitos civis garantidos aos brasileiros.

Primeiro desfile Papa

Primeiro desfile do Papa Francisco

“Eles poderão acessar as políticas públicas universais a todos os brasileiros, saúde, educação. Já é um avanço grande da legislação brasileira que garante essa regularização temporária para os solicitantes de refúgio, assim como o acesso às políticas públicas”, explicou. 

Godinho informou que os pedidos de refúgio com base em questões religiosas tornam a análise mais complexa, por terem cárater mais subjetivo. “Quando a pessoa pede refúgio por motivo de conflitos ou por guerra são fatos mais objetivos do que as questões religiosas que têm um caráter subjetivo maior”.

Uma das assistentes sociais do projeto de proteção a refugiados da Cáritas do Rio,  Débora Marques Alves, explicou que os congoleses já planejavam pedir o asilo antes de chegarem ao Brasil e aproveitaram o visto emitido para a JMJ para poderem entrar no país. “Já os que vieram do Paquistão e de Serra Leoa, sofriam perseguição e preconceito, ao chegarem ao Brasil perceberam que aqui é um ambiente seguro, onde não precisariam mais ter medo por sua escolha religiosa”, disse a assistente social.

Aprendendo portugues pergrinos

Segundo ela, as ações para refugiados, que têm o apoio da Acnur e do governo brasileiro, incluem aulas de português, cursos profissionalizantes e ajuda financeira. Para isso, os solicitantes precisam do protocolo confirmando o pedido de refúgio.

“Alguns já estão frequentando as aulas de português, que oferecemos duas vezes por semana”, contou, ao ressaltar que aprender o idioma é um dos primeiros passos para a inclusão na sociedade. 

Segundo a Acnur, cerca de 4.200 refugiados reconhecidos pelo governo federal vivem no país, provenientes de mais de 70 nacionalidades. Em 2013, cerca de 300 novos pedidos foram aceitos pelo Conare – sendo a maioria da Síria, Colômbia e da República Democrática do Congo.

Em abril, o Conare informou que o número de estrangeiros em busca de refúgio no Brasil triplicou. O refúgio pode ser solicitado por todo estrangeiro que comprove sofrer perseguição por motivos de raça, religião, opinião pública, nacionalidade ou por pertencer a grupo social específico. E também por pessoas que tenham sido obrigadas a deixar o país de origem devido a grave e generalizada violação de direitos humanos.

Agência Brasil

Fotos Web

Publicação: 23/08/2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Manifestação em São Paulo pede o fim da violência

Manifestação em São Paulo pede fim da violência contra jovens negros e pobres

Teatro Municipal

http://mancheteatual.com.br

São Paulo – Cerca de 100 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar (PM), protestaram na noite de hoje (22) contra o extermínio de jovens negros e pobres. O grupo se concentrou em frente ao Theatro Municipal, na região central da capital paulista, e seguiu em passeata até a Câmara Municipal. Durante o trajeto, alguns participantes de marcha trocaram ofensas com um skinhead, que se refugiou dentro de uma loja de roupas, temendo ser agredido. Na confusão, manequins e cabides foram derrubados.

Segundo o membro do conselho geral da Uneafro Brasil, uma das entidades que organizaram o ato, Douglas Belchior, a principal reivindicação é a mudança na lógica das políticas de segurança pública. “Todos os governos reproduzem essa política de segurança pública que elege o jovem negro como principal alvo de sua repressão”, disse.

Como solução, Belchior defendeu a desmilitarização da polícia e o reconhecimento, pelo governo, da existência de milícias e grupos de extermínio em São Paulo. “É um debate amplo sobre uma nova política de segurança pública para o Brasil, que garante a cidadania, a convivência pacífica e o direito a vida”.

A estudante de história Ariane Reis comparou a repressão das manifestações com a violência usada pela polícia nas periferias. Na opinião dela, as armas menos letais são apenas uma amostra da força usada contra os mais pobres. “A gente sofre aqui nos atos com bala de borracha, enquanto todo dia a juventude negra está morrendo nas periferias”.

A rapper Sharylaine Siu acredita que as mortes causadas por agentes do Estado contra um determinado seguimento da população é uma ameaça a própria noção de democracia. “A juventude que morre hoje é a mesma que morria no tempo da escravidão, na ditadura e se nós vivemos em um país democrático, isso não poderia acontecer”.

Daniel Mello         22/08/2013 - 22h15
Repórter da Agência Brasil

Edição: Aécio Amado

Agência Brasil

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Coronel admite tortura nos interrogatórios da Ditadura

 

Acusado de participar da morte do jornalista Mário Alves nega crime, mas admite tortura em interrogatórios

Rio de Janeiro – O coronel reformado do Corpo de Bombeiros Valter da Costa Jacarandá admitiu nesta quarta-feira (14), em audiência pública na Comissão Estadual da Verdade, que, na época da ditadura militar (1964-1985),  participou de interrogatórios em que foram usadas práticas de tortura, como pau de arara, espancamentos e aplicação de choques elétricos. A reunião desta quarta-feira foi marcada para ouvir quatro militares acusados pelo Ministério Público de sequestrar, torturar e matar o jornalista e secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) Mário Alves, mas apenas Jacarandá prestou depoimento.

Major Jacarandá

José Carlos Tórtima encara seu algoz, Major Jacarandá: “Nunca é tarde, major, para o senhor se conciliar com essa sociedade ultrajada por essas barbaridades que pessoas como o senhor cometeram.” (Thiago Vilela / ASCOM - CNV

Jacarandá disse que houve excessos. "Negar isso seria uma tentativa vã de tapar o sol com a peneira", reconheceu o bombeiro. Em outra parte do depoimento, ele explicou que os excessos a que se referia eram as torturas.

Sobre ter ele próprio cometido tais crimes, Jacarandá respondeu: "Devo ter cometido. No calor dos interrogatórios, pode ter acontecido, mas eu não saía com o espírito de fazer isso." O militar admitiu que interrogou o jornalista Cid Benjamin e que pode também ter participado do interrogatório de outras pessoas que depuseram na comissão, mas disse que não se lembra delas, nem de qualquer outro nome, inclusive o de Mário Alves. O jornalista morreu em 1970, em consequência de hemorragia causada por empalamento com um cassetete revestido de estrias metálicas, após uma madrugada de tortura no quartel da Polícia do Exército, no Rio.

"Pode até ter acontecido [de eu cometer 'excessos', ou tortura]. Como vou dizer que não fiz isso? É interessante lembrar que [na época] as pressões eram muito grandes. Quando digo que não lembro, devo ter desenvolvido um mecanismo de defesa", disse Jacarandá aos jornalistas depois da audiência.

Jornalista Mario Alves

Jornalista Mário Áves editor do Jornal Voz Operária, torturado e morto no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca. Imagens internet

Mesmo após insistentes perguntas do presidente da Comissão Estadual da Verdade, Wadih Damous, o coronel sustentou que não se lembrava de absolutamente nada referente a Mário Alves nem do período que o jornalista passou no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). "Não tive qualquer participação na tortura do Mário Alves."

Jacarandá disse que só tomou conhecimento do que aconteceu ao jornalista depois da abertura política e ressaltou que, nem nos corredores do DOI-Codi, nunca ouviu comentários sobre a tortura ou a prisão de Alves. Apesar de afirmar que não sabia quem era Alves e que não se lembrava de nenhum interrogado, ele se disse seguro de não ter participado da sessão de tortura ao jornalista.

O coronel, que na época era major, contou que, no Serviço de Informações, trabalhou na captura e na elaboração de perfis dos presos e que participou de poucas sessões, nas quais sua função era dar informações aos interrogadores, assessorando-os com base nas investigações que realizava.

Jacarandá lembrou que foi para o DOI-Codi após desentendimentos com seu antigo chefe no Corpo de Bombeiros e porque era  especializado em desarmar bombas dos militantes contra a ditadura. Para o coronel, os militantes eram erroneamente chamados de terroristas e deviam ser classificados de revolucionários. Insatisfeito com a resposta, Damous perguntou por que ele havia escolhido especificamente o DOI-Codi para trabalhar, já que acabou exercendo ali a função de interrogador. O coronel respondeu: "O que me atraiu foi a aventura de entrar em uma guerra. Vejo todo esse movimento como uma ação contrarrevolucionária."

Damous quis saber se Jacarandá considerava sua missão patriótica e ele disse que sim. "Fidel Castro torturava e matava em Cuba. Stalin, na Rússia. Mao, na China. E essas pessoas [militantes] tinham toda uma ideologia, talvez não propriamente isso, mas ideias imersas nessas ideologias."

Dos sete depoimentos desta quarta, dois foram contundentes nas acusações ao bombeiro. O jornalista Álvaro Caldas acusou o coronel de ter  girado a manivela do instrumento de choques elétricos durante sua tortura. Caldas lembrou que o bombeiro usava uma bota de cano longo para chutar as vítimas. Maria Dalva Leite também disse que foi barbaramente espancada por Jacarandá em uma sessão de tortura que durou 72 horas. No fim da sessão, Maria Dalva ficou frente a frente com o coronel e perguntou se ele não se lembrava de tê-la torturado. Ele negou.

A entrevista foi interrompida por uma pessoa que disse ter sido levada por Jacarandá a jacarés que ficavam no quartel, ameaçando dar a mão dela para os animais comerem. Em resposta, o coronel reafrimou que não se lembrava, olhou para as mãos dela e perguntou: "Eu dei sua mão para o jacaré comer?"

O coronel reformado falou à comissão estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em sessão conjunta com a Comissão Nacional da Verdade, que ouviu sete vítimas de crimes cometidos no quartel da Polícia do Exército. Os outros militares convocados para depor, os ex-tenentes Luiz Mário Correia Lima, Roberto Duque Estrada e Dulene Garcez, foram representados por um advogado, segundo o qual os três já tinham falado à comissão, por meio de um grupo de trabalho, e respondem administrativa e judicialmente pela morte do jornalista.

No entanto, os três militares foram citados nos depoimentos. Correia Lima foi mencionado como alguém que espancou uma jovem de 19 anos e que se vangloriava das práticas de tortura ao apresentar suas vítimas para outros militares. Sylvio Medeiros disse que Dulene Garcez sugeriu, na sala de tortura, que ele colaborasse ou terminaria empalado como Mário Alves. Maria Dalva afirmou ter ouvido a mesma ameaça.

Para o presidente da Comissão Estadual da Verdade, havia uma expectativa maior em relação ao depoimento do coronel Jacarandá, que, mesmo assim, foi esclarecedor em vários aspectos investigados na tortura e morte de Mário Alves e em outros casos. Wadih Damous informou que foi enviada ao Ministério Público representação para que os outros acusados sejam coercitivamente conduzidos para depor em outra data e respondam pelo crime de desobediência.

Lúcia Vieira, filha do jornalista Mário Alves, disse que não esperava informações novas com o depoimento de Jacarandá, mas não acredita que o militar só tenha sabido do caso de seu pai após a abertura política. "Ele não tem como negar. Eles até se orgulhavam de dizer os crimes que cometeram. Todos falavam em Mário Alves. Os próprios presos também", ressaltou.

Apesar disso, Lúcia manifestou confiança nos trabalhos da comissão. "[A comissão] teve um período de fogueira das vaidades, mas agora parece que está funcionando melhor. Estou com esperança de que a coisa ande. Está havendo mais empenho e mais cobrança porque mais pessoas estão interessadas na verdade."

Edição: Nádia Franco

Fonte: Agência Brasil / EBC

terça-feira, 13 de agosto de 2013

África Ignorâncias e preconceitos

10 ideias equivocadas que temos sobre a África

Uma jornalista da Namíbia, Christine Vrey, estava revoltada com a ignorância das pessoas com quem já conversou a respeito de seu continente natal, a África. Segundo ela, o mundo ocidental sabe muito menos do que deveria sobre o continente africano, pecando por ignorância e preconceitos. Pensando nisso, Christine elaborou uma lista com dez ideias enganosas sobre o continente. Confira:

10 – A ÁFRICA É UM PAÍS

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Pode parecer inacreditável, mas muitas pessoas, segundo ela, ainda pensam que a África inteira é um país só. Na verdade, o continente africano tem 61 países ou territórios dependentes, e população superior a um bilhão de habitantes (o que faz deles o segundo continente mais populoso, atrás apenas da Ásia).

9 – A ÁFRICA INTEIRA É UM DESERTO

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Dependendo das referências (alguns filmes, por exemplo), um leigo pode imaginar que a África inteira seja um deserto escassamente povoado por beduínos e camelos. Mas apenas as porções norte e sudoeste do continente (desertos do Saara e da Namíbia, respectivamente) são assim; a África apresenta um rico ecossistema com florestas, savanas e até montanhas onde há neve no cume.

8 – TODOS OS AFRICANOS VIVEM EM CABANAS

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A fama de continente atrasado permite, segundo Vrey, que muitas pessoas achem que a população inteira habite cabanas com paredes de terra e teto de palha. A África, no entanto, tem moderníssimos centros urbanos nos quais vive, na realidade, a maior parte da população. As pessoas que habitam tais cabanas geralmente vêm de grupos tribais que conservam suas vilas no mesmo estado há muitas décadas.

7 – OS AFRICANOS TÊM COMIDAS ESTRANHAS

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Uma cidade africana, de acordo com a jornalista, se assemelha a qualquer outra localidade ocidental no quesito alimentação: pode-se encontrar qualquer lanchonete de fast food, por exemplo. Christine explica que os hábitos alimentares dos africanos não diferem muito do nosso, exceto pelo que se come em algumas refeições, como o “braai” (o equivalente ao nosso churrasco).

6 – HÁ ANIMAIS SELVAGENS POR TODA PARTE

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Em uma cidade africana, você verá o mesmo número de leões ou zebras que encontraria nas ruas de qualquer metrópole mundial: zero. Não há absolutamente nenhuma condição favorável para eles nos centros urbanos, é óbvio que vivem apenas em seus habitat naturais. Se você quiser ir à África com o intuito de observar animais selvagens, terá que fazer uma viagem específica para esse fim.

5 – A ÁFRICA É UMA EXCLUÍDA DIGITAL

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A jornalista Christine conta que ainda conversa com pessoas, pela internet, que ficam surpresas pelo simples fato de que ela, uma africana, tem acesso a computadores e internet! Um dos interlocutores da jornalista chegou a perguntar se ela usava um computador movido a vapor. Ela explica que a tecnologia não perde muito tempo em fazer seus produtos mais modernos chegarem até a África, e que eles estão cada vez menos atrasados em relação ao resto do mundo.

4 – EXISTE O “IDIOMA AFRICANO”

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Da mesma forma que ainda há gente que considera a África um único país, também existem pessoas que
imaginam todos os habitantes do continente falando a mesma língua. Christine explica que apenas na Namíbia, de onde ela veio, há mais de 20 idiomas usuais, incluindo mais de um “importado” e alguns nativos. Nenhum país do continente tem menos de cinco dialetos correntes.

3 – A ÁFRICA TEM POUCOS HOTÉIS

Hoteis 3

 

Não é uma missão impossível encontrar hospedaria em uma visita ao continente africano. As maiores cidades do continente dispõem de dezenas de hotéis disponíveis para turistas. Só nas oito maiores cidades da África do Sul, segundo Vrey, existem 372 hoteis.

2 – OS AFRICANOS NÃO SABEM O QUE É UM BANHEIRO

Banheiros 3

 

Há quem pense, de acordo com a jornalista, que todos os africanos sejam obrigados a fazer suas necessidades atrás do arbusto ou em latrinas a céu aberto. Isso vale, segundo ela, apenas para as áreas desérticas e vilarejos afastados. No geral, uma casa na África dispõe de um vaso sanitário muito semelhante ao seu.

1 – TODOS OS AFRICANOS SÃO PRETOS 

Diversidade 1

Da mesma forma que houve miscigenação de raças na América, devido às intensas migrações de europeus, a África também recebeu essas misturas. Na Namíbia, por exemplo, há famílias africanas brancas descendentes de franceses, holandeses e portugueses. Mas não há apenas isso: o continente também abriga grandes comunidades de indianos, chineses e malaios, de modo que não se pode falar em “raça africana”.

Preto é preto

Isso é um engano: há várias características físicas diferentes entre os povos de pele escura. As diferenças começam pela própria tonalidade: alguns povos têm a pele mais “avermelhada” ou mais marrom do que outros, e alguns são menos escuros, sem levar em conta a miscigenação. Não é possível falar, portanto, em pretos simplesmente.

Preto é preto 11

Eu tenho , em várias ocasiões, ouvido as pessoas, ao descrever sua etnia, que eles são (por exemplo) 1/4 de espanhol, 1/4 britânico, 1/4 russo, 1/4 Preto. Isso é incorreto como as três primeiras “raças”  mencionadas são todas brancos, então por que generalizar sobre sua genética preta? As pessoas Ovihimba são tão diferentes como a noite do dia em comparação ao povo Herero, e todos eles são ´pretos. Na África, você também tem cores diferentes de preto para as diferentes tribos e diferentes áreas da África. Como exemplo, o povo angolano tendem a ser quase preto azulado, enquanto o povo San são muito mais claros na pele, mais de uma cor castanho escuro, e as pessoas Ovahimba (acima) se orgulham em um tom avermelhado. Se você é preto, ou ter alguns genes africano em você, eu aconselho você a descobrir mais sobre sua história famíliar e onde seus ancestrais vieram, em vez generalizar e dizer que você é apenas africano.

 

Fonte: Listverse dezembro de 2011

Reparação histórica cotas para Afro-uruguaios

Congresso do Uruguai aprova lei favorecendo a coletividade afrodescendente.

A lei destina 8% dos cargos públicos e estabelece incentivos para empresas privadas que contratem. Lei destina-se a proteger o coletivo afrodescendente da exclusão do trabalho e social.

Os mesmos critérios serão aplicados na educação. O projeto propõe um conjunto de bolsas de estudo, na escola, ensino fundamental e na faculdade, para crianças e jovens na população abrangida pela lei, algo que, segundo o governo deputado Felipe Carballo, será "muito mais ênfase", devido ao “elevado abandono escolar”, ocorrida com este setor da população.

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Representantes da “Junta Nacional de Mundo Afro “- Montevideo

O projeto foi aprovado por unanimidade no dia 11 de agosto pela Câmara dos Deputados e encaminhou ao Executivo para sua promulgação. A regulamentação da norma entrará em vigor em, no máximo, 90 dias.

A lei "não é uma solução mágica para a discriminação, mas pretende ser uma ferramenta que irá ajudá-lo a lutar contra isso", disse o deputado Julio Bango, representando a Frente Ampla no poder (esquerda).

No que diz respeito à discriminação racial, Bango distinguiu entre os valores que se baseia a discriminação individual e estrutural que está enraizada no país, que visa erradicar a esta norma e leva "a pessoas afrodescendentes no Uruguai ter menos mobilidade social”, que o resto da população.

Claudia de los Santos, diretora da organização Mundo Afro, disse que a situação socioeconômica do grupo é "muito diferente do resto da sociedade", uma vez que muitas mulheres "continuam a trabalhar no serviço doméstico e que é difícil para jovens conseguem emprego por sua origem, é algo discriminatório.”.

De acordo com o último censo populacional realizado em 2011, os afrodescendentes no Uruguai, que têm sua origem nos escravos que vieram para o país da África na época colonial, representam 8% da população, ou cerca de 300 mil, e 40% dessa população está abaixo da linha da pobreza, quantidade superior a 50% para os jovens menores de 18 anos.

A lei também faz um reconhecimento histórico da discriminação de afrodescendentes no país e estudar "o papel da comunidade no desenvolvimento do Uruguai", disse o Deputado Bango.

O diretor da “Asesoría Macro en Políticas Sociales del Mides” Andrés Scagliola refletiu que hoje não há qualquer medida similar. "O que se encontra no Estado, é encontrar afrodescendentes em cargos e serviço mais baixos, reproduzindo este padrão também no mercado privado, basicamente inseridos nos serviços domésticos e tarefas manuais como a construção civil e sendo mal pagos ".

As políticas sociais "têm afetado a população negra porque é a que mais sofre tanto na pobreza, como na miséria”. Esta lei introduz uma nova perspectiva que uma ação afirmativa.

A lei retornou aos Deputados e teve que ser aprovada novamente com as mudanças ocorridas no Senado. Estes incluem a duração, que havia sido inicialmente fixada em 10 anos e se transformaram em 15 anos. Após este tempo, irá apresentar um relatório que analisa os resultados e as taxas reais de inclusão da comunidade. O critério para a escolha da população que está incluído nesta regra será a autodeterminação, ou seja, a pessoa é que deve declarar quando se considera afrodescendente.

Afro-uruguaio refere-se a uruguaios de ancestralidade negra africana. Eles são mais encontrados em Montevidéu.

História dos afro-uruguaios

A literatura acadêmica do Uruguai negligência a presença e o papel dos africanos no desenvolvimento da nação. Os afro-uruguaios contribuíram muito para a economia do seu país, sociedade e cultura.

“Llamada” of Candombe – 2013 Pam Harris

“Llamada” of Candombe manifestação cultural originada a partir da chegada dos escravos da África.

Trazidos como escravos tornaram-se soldados de infantaria, e artesãos fazendo o desenvolvimento econômico do Uruguai entre os séculos XVII e XIX. Os africanos uruguaios foram os soldados cujo sangue e sacrifícios forjaram um Estado-nação independente de uma colônia espanhola, a independência que defenderam de invasores estrangeiros, primeiro a Grã-Bretanha e depois do Império do Brasil (Província Cisplatina) , durante as primeiras décadas do século XIX. Afro-uruguaios foram os músicos, escritores, e artistas cujas obras enriqueceram, iluminaram, e entretiveram seus cidadãos da época colonial até hoje.

Hugo Ferreira Zambukaki

Fontes: La Razón / El Pais Montevideo / Wikipédia

10 de agosto de 2013

Imagens Internet

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O último Dia dos Pais

Tenente Ferreira Homenagem

Faz 55 anos, mas todo ano vem à minha memória com imagens vívidas.

Foi em 1958 em São Vicente, morava na Rua Frei Gaspar perto do antigo Cine Maracanã. Minha mãe havia falecido há uns 6 meses depois de uma longa doença. Com todo o sofrimento que um câncer traz.

A casa que uma casa alegre se transformou num local triste. Quando minha mãe estava com saúde, nossa casa se tornava pequena. Ir à Santos e a São Vicente era uma aventura, a Via Anchieta tinha sido inaugurada há poucos anos, era uma obra arrojada para a época. Ou mesmo ir de trem com a mata Atlântica tão verde e perto. Muita gente vinha nos visitar, tínhamos nos mudado de São Paulo, amigos e parentes enchiam nossos fins de semana.

Minha mãe adoeceu, foram quase oito meses, que a transformaram de uma mulher forte, numa pessoa magra e acamada. Sua morte cheia de agonia, aliviada com injeções de morfina, foi um fim triste.

Nossa vida com sua falta nunca foi a mesma. Uma profunda tristeza por sua morte prematura. Um banzo, dor de saudade inestimável.

Meu pai sentiu forte a falta da companheira de trinta e poucos anos, eu sentia um amor uma paixão entre os dois, que admiro até hoje. Modelo de minhas relações onde companheirismos de luta misturavam com amor e paixão.

Dona Jadyr Recorte 2  

Dona Jadyr

Depois de sua morte meu pai falava de voltar à sua terra no norte de Minas Gerais, Riacho dos Machados, de onde saíra com 13 anos e nunca mais voltara. Região de remanescente de quilombo, região violenta onde a lei das armas imperava.

Meu pai tinha muitas histórias, de seu envolvimento com revoluções, militar da infantaria do Exército, as marcas e cicatrizes no seu corpo eram um relato fiel. Participante das revoltas dos tenentistas, de 1924, 25, 30 e de 1932 onde teve sua perna esquerda metralhada nos Combates do Tunel da Mantiqueira. Um orgulho me vem ao peito ao me lembrar de seu ensinamentos e exemplo.

Naquele ano de 1958, na casa triste em que se transformara, insistiu que eu fosse para a casa de minha irmã Leda em São Paulo. Não queria ir, passar o Dia dos Pais com ele. Mas a tristeza para um garoto de 11 anos, numa casa vazia era muita. Jair meu irmão mais velho, morando em São Paulo, minhas irmãs casadas fora de São Vicente.

No domingo Dia dos Pais em São Paulo, outra minha irmã Cida chegou de Presidente Prudente, e insistiu que fossemos para São Vicente para passarmos o dia com nosso pai. Contei que ele queria ficar sozinho, que estava bem tinha feito uma bateria de exames.

Minha irmã continuou insistindo, tinha tido um sonho com ele. Premonições.

Fomos e passamos um domingo maravilhoso, meu pai apesar de dizer que queria estar sozinho ficou muito alegre com a presença dos filhos mesmo com a ausência de minha mãe. Voltamos para São Paulo.

Na terça-feira voltando para casa meu pai caiu, vítima de um ataque cardíaco em frente ao Hospital São José.

Militar guerreiro, tantas lutas e revoluções morreu idoso num suspiro como um passarinho...

Todo Dia dos Pais penso naquele ano de 58, que meu pai Tenente Ferreira diza que queria passar sozinho, e a alegria de ver seus filhos reunidos no útimo Dia dos Pais que passamos juntos.

São Vicente2 11 016

Túmulo em São Vicente onde estão enterrados Dona Jady e o Tenente Ferreira. Ao fundo o Memorial aos Revolucionários de 1 932

sábado, 10 de agosto de 2013

RAQUEL SOLANO TRINDADE 10 de agosto

RAQUEL SOLANO TRINDADE (1936-)

Homenagem aos 77 anos de uma longa participação política e artística de Raquel Trindade, ativista da cultura negra, artista plástica, poeta, dançarina e coreógrafa. Uma cidadã brasileira.

Raquel Homenagem Dilma

Da esquerda para a direita: Dilma Rousseff, José Sarney, Marta Suplicy e Raquel Trindade. A pesquisadora, folclorista e artista plástica, Raquel Trindade, foi homenageada pela Ordem do Mérito Cultural no Palácio do Planalto, em Brasília(5/11/2012).

Raquel Trindade Souza, a Kambinda, filha mais velha do grande poeta negro comunista Solano Trindade e Maria Margarida Trindade, coreógrafa e terapeuta ocupacional nasceu no Recife( PE) grande conhecedora da história e cultura afro-brasileira, é considerada uma das maiores memórias vivas no Brasil.

Raquel Solano 

Música, cultura e história correm por suas veias desde a infância. A avó materna Damázia Maria do Nascimento, cozinheira, dançava nos maracatus do Recife e Emerenciana, avó paterna, fazia lapinha, a casinha do presépio. Abílio Pompilho da Trindade, seu avô, sapateiro, era velho do pastoril e com ele Raquel ouviu muitas histórias que povoavam sua imaginação.

 Raquel com 2 anos no colo da mãe em Recife

Raquel aos 2 anos com sua mãe Maria Margarida

Seu pai, que em 1936 fundara o Centro Cultural Afro-Brasileiro e a Frente Negra Pernambucana, transfere-se para o Rio de Janeiro na década de 1940 onde, de cristão evangélico passa a militante comunista, filiando-se ao partido de Luiz Carlos Prestes. Em Caxias (RJ), município onde se instalou, montou a célula Tiradentes reunindo camponeses e operários.

Sua mãe rumou com as filhas Raquel e Godiva para o Rio de Janeiro. As meninas ficaram no navio e Maria Margarida saiu para procurar o marido. Sua única referência era o Vermelhinho, um bar que reunia comunistas e onde Solano, seu pai, aparecia para conversar e vender quadros e poemas.
A família foi então morar no bairro da Gamboa, em um barraco que tinha o aluguel cotizado pelos amigos do pai. Com ele, a partir dos oito anos passou a freqüentar a Biblioteca Nacional, exposições de arte, Pinacoteca e Teatro Municipal. Conheceu também o balé-afro da Mercedes Batista e a orquestra afro-brasileira do Abigail Moura.
Seus pais ensinavam dança no Teatro Folclórico do Aroldo Costa e por intermédio deles conviveu com intelectuais da época, dentre eles, o artista plástico Aldemir Martins, a pintora Djanira, a atriz Ruth de Souza e Abdias Nascimento, criador do Teatro Experimental do Negro.
Com a mudança para o município de Duque de Caxias (RJ), Solano promoveu várias festas com Maracatu, Coco e Lundu danças ensinadas pela mãe. Também com os pais aprendeu que devia ter orgulho por ser negra e transitou entre o universo evangélico da mãe e as reuniões comunistas, coordenadas pelo pai.

Raquel Solano

Envolvimento político que o levou, inclusive, por duas vezes à prisão, no período do Estado Novo. Anos mais tarde Raquel lembraria que, na estante de sua casa conviviam, lado a lado, na mesma prateleira, a bíblia da mãe e um exemplar de O Capital, de Marx, pertencente a seu pai.
Em 1950 seus pais e o sociólogo Édison Carneiro fundaram em Caxias o Teatro Popular Brasileiro (TPB) que, formado pela classe popular- donas de casa, operários (as), estudantes-, trabalhavam as origens de danças como maracatu, bumba-meu-boi e promovia, ainda, cursos de interpretação e dicção. As apresentações atraiam intelectuais, diplomatas e artistas.

Raquel Pinturas2

Raquel que se casou oito vezes tem três filhos - o compositor Vitor da Trindade, a artista culinária Regina Célia e a escritora dançarina Dada- e netos. Lembra que um dos casamentos aconteceu após uma viagem do TPB a Europa. Ela perdeu a virgindade no navio, com um dos músicos da equipe do pai, que ao descobrir ficou uma fera. O pessoal então, com a ajuda do cônsul, organizou o casamento em Varsóvia, na Polônia. No retorno a Caxias era uma senhora casada e assim ficou por três anos.

Na ocasião dessa viagem Raquel cursava o segundo ano do Clássico em um colégio particular no bairro de Laranjeiras e no qual só pode matricular-se, com a ajuda do professor Mira, que pagava as mensalidades. Mira era negro e Raquel lembraria, anos mais tarde, que isso não era uma coisa tão comum naqueles tempos: um professor negro de história.

Raquel aprendeu com os pais que o estudo é um dos mais preciosos bens que alguém pode deixar aos filhos. Gostava de estudar e lamenta que atualmente as crianças saiam das escolas sem que dominem a leitura, a escrita e o cálculo. Aos 12 anos ganhou o Prêmio Euclides da Cunha de literatura juvenil, competição nacional, com uma redação sobre a violência presente nos gibis da época

Raquel Trindade 77

Guarda saudades das professoras. Após a conclusão do curso primário cursou o ginásio no colégio Duque de Caxias e vivia com as mensalidades atrasadas. Estabelecimento particular- ela e sua colega Dagmar eram as únicas meninas negras do colégio. Na adolescência Kafka, Dostoievski e Graciliano Ramos, dentre outros, emprestados pela biblioteca do colégio, foram alguns de seus companheiros. Também a revista A Classe Operária a tirava do serviço de casa o que provocava reclamações da mãe. Raquel passava horas lendo.
Raquel Trindade é Fundadora do TPST (Teatro Popular Solano Trindade) e da Nação Kambinda de Maracatu, instalados na cidade paulista de Embu das Artes, para onde a família se mudou na década de 1960. Fundado em 1975 e administrado pela família o TPST faz parte da luta, para que a memória de Solano, o Poeta do Povo, falecido em 1974, permaneça viva.
O espaço que passou por sérias dificuldades financeiras foi reinaugurado em 13 de novembro de 2010. Das apresentações ocorridas no evento, que reuniu cerca de 700 pessoas, participaram também Vitor Trindade, neto do poeta, tocando solo, voz e violão, a partir de poemas do avô e Manuel Trindade, Bisneto, com sua banda Preto Soul. Maria Trindade, bisneta, com o percursionista Carlos Caçapava apresentou a cultura africana através dos tambores e Raquel empolgou o com suas danças e ritmos que resgatam a e a cultura popular brasileira.
Raquel sempre participou de Encontros e Conferências sobre a cultura negra, realiza cursos e oficinas livres por todo o país. Em 1988 foi convidada para lecionar aulas de folclore, teatro negro e sincretismo religioso na graduação da Unicamp, mesmo não tendo diploma universitário. Período, no qual enfrentou enorme resistência por parte de muitos dos(as) professores(as), após ter sido promovida pela universidade, de técnico didático a professora. Para Raquel, como conseqüência de sua mediunidade desenvolvida no candomblé, era como se uma enorme porta de vidro a impedisse de entrar na universidade para lecionar. Pressionada e com a descoberta de um câncer no intestino pediu demissão, retornando à Embu.
Na ocasião havia proposto um curso de extensão, no sentido de ampliar a reduzida presença negra na universidade. O sucesso da proposta, 170 alunos(as) inscritos, resultou na idéia de criar um grupo batizado de Urucungos, Puítas e Quinjengues, instrumentos bantos que foram trazidos pelos escravos para São Paulo. Composto por negros da comunidade, funcionários da Unicamp, alunos e professores, a maior parte das danças que o grupo apresenta foram pesquisadas e criadas por Raquel.

Valiosa fonte de conhecimento e vivência da cultura afro-brasileira, Raquel Trindade é uma de suas mais importantes Griot (guardiã do conhecimento). Sua atuação e testemunho têm sido de grande contribuição para o enfrentamento do preconceito contra o(a) negro(a), a mulher e o nordestino(a) na sociedade brasileira.

Fontes: Mulher 500 anos, atrás dos panos

Wikipédia

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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Câmara do Rio ocupação continua

Manifestantes mantêm ocupação no plenário da Câmara de Vereadores do Rio

09/08/2013 - 15h31

 

Rio de Janeiro – O plenário da Câmara Municipal permanece ocupado por manifestantes contrários à composição da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus, que elegeu como presidente o vereador Chiquinho Brazão (PMDB), e não o autor da proposta, Eliomar Coelho (PSOL), que, pela tradição parlamentar, ocuparia a presidência.

A luz do plenário foi cortada às 14h45, o que provocou indignação dos manifestantes, que também foram impedidos de usar os banheiros da Câmara.

O objetivo dos manifestantes é entregar uma carta de reivindicações ao presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB). Entre as reivindcações, destacam-se a anulação da reunião em que foram eleitos os membros da CPI dos Ônibus, a saída da comissão dos vereadores Chiquinho Brazão, Jorginho da SOS (PMDB), Renato Moura (PTC e Professor Uóston (PMDB), da base de apoio ao prefeito Eduardo Paes, e que Eliomar Coelho seja o presidente da CPI.

Segundo os manifestantes, a ocupação do plenário não tem prazo para terminar.

Policiais militares (PMs) com escudos e capacetes com viseiras cercaram a entrada principal da Câmara. Do lado de dentro, grupos de PMs observam a movimentação dos manifestantes, mas sem intervir. Vereadores de partidos de oposição montaram um palanque do lado de fora e fazem discursos em apoio aos manifestantes.

Vladimir Platonow

Edição: Nádia Franco

Fonte Agência Brasil

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Bala de borracha deixa cego o fotógrafo Sergio Silva

 

O fotógrafo Sérgio Silva foi uma das inúmeras vítimas da violência policial que marcou o dia 13 de junho de 2013 e a história das manifestações sociais no Brasil. Enquanto cobria o ato contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo, ele foi atingido no olho por uma bala de borracha disparada pela Tropa de Choque, e pode perder a visão esquerda.

Em tempo, trago notícias sobre minha visão. Quinta, 25 de julho não foi um dia bom. Finalmente chegou a notícia do corpo médico de que nunca mais vou recuperar a visão do meu olho esquerdo. 

Mas o pior mesmo é olhar para o tempo e ver que os abusos por parte da polícia nas manifestações não tem fim. Desde que eu, vários jornalistas e manifestantes paulistas fomos feridos por balas de borracha e bombas de gás, ficamos sabendo de outros casos no Rio de Janeiro de pessoas que também perderam a visão ou se machucaram gravemente. Definitivamente, isso não pode continuar!

Apesar de ser politicamente engajado, eu nunca fui porta-voz de uma causa, mas as circunstâncias pelas quais passei me colocaram literalmente nesta posição, de uma vez por todas. Agora vou até o fim. E ressalto que é um grande incentivo para mim saber que tenho o apoio de outras 43613 pessoas como você.

Quero compartilhar este vídeo com você, para continuarmos mobilizando o maior número de pessoas conscientes contra o uso de armas não-letais.

Clique para compartilhar o fotógrafo

É importantíssimo também continuarmos divulgando nosso abaixo-assinado. Compartilhe no seu mural nas redes sociais, poste no feed de seus amigos, tuíte os links, peça para todos assinarem, envie para sua lista de emails pessoais e se puder, para a lista de emails do trabalho.

No Rio, a situação é ainda pior, por isso estou em contato com as outras pessoas que também foram atingidas naquele estado, e trabalhando com entidades e coletivos para conseguir abrir diálogos com o poder público visando a melhoria de processos relacionados a segurança da população em manifestações. 

Mais uma vez eu quero dizer muito obrigado. Mais do que somente assinar um abaixo-assinado, o seu apoio e de minha família são fatores que me mantém forte e esperançoso para seguir em frente, colocar a prótese no lugar do olho perdido, e voltar a trabalhar.

Não posso deixar que essa situação seja esquecida.

Sérgio Silva
Fotógrafo Futura Press

UPPs depois de Amarildo e AfroReggae?

 

Rio de Janeiro – O secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse hoje (4) que o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, na Favela da Rocinha, e os ataques do tráfico contra duas sedes do grupo AfroReggae, no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, não afetam a imagem das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Afro Regaee alemão

Beltrame falou à imprensa durante visita à Favela da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que foi ocupada na última sexta-feira (2) pela Polícia Militar (PM) e ganhará uma companhia destacada, com 180 policiais. A Mangueirinha era considerada uma das mais violentas da região, conhecida como "o Complexo do Alemão da Baixada".

“Eu acho que não [afeta a imagem das UPPs]. Na Rocinha, a Divisão de Homicídios (DH) está trabalhando diuturnamente. Tivemos um incidente lá, sério e grave, que vamos apurar. Cinco anos atrás, você não poderia fazer um local de crime dentro da Rocinha ou do Complexo do Alemão. Se a gente quer avançar, não pode esquecer que houve um ganho substancial. [Há] problema, mas a situação nesses lugares é infinitamente melhor do que tínhamos antes. Quantos casos tivemos nesses locais em que as pessoas foram consumidas pelo microondas [fogueira feita com pilha de pneus] e os familiares não podiam nem ir a uma delegacia reclamar o corpo?”, declarou Beltrame.

O secretário comentou a intimação feita pelo delegado Rivaldo Barbosa, titular da DH, ao soldado PM Juliano da Silva Guimarães, que deverá prestar esclarecimentos nesta semana. Ele teria afirmado que um tio, motorista de um caminhão de lixo, foi obrigado por traficantes a retirar um corpo da Rocinha e levar para um depósito no Caju, região portuária.

“Denúncias, notícias e especulações têm que ser carreadas para dentro do inquérito e analisadas. Se esta pessoa disse que fez isso, vamos ver em que situação aconteceu. A polícia vai atrás para confirmar o que está sendo dito, para fazer com que denúncias virem, ou não, uma verdade. Nós temos que ter é cautela. Quando apresentarmos um resultado, tem que ser uma coisa muito bem feita.”
Beltrame falou também sobre a iniciativa do comandante da PM, coronel Erir Ribeiro, de anistiar punições de ações administrativas de 450 policiais, que assim poderiam limpar suas fichas e estarem aptos a promoções e à volta ao trabalho de rua.

“Da maneira como foi colocado e comunicado, eu não gostei. A Polícia Militar sabe o que significa delito administrativo de menor potencial, mas a sociedade não sabe. E precisamos esclarecer isto para dizer à sociedade o que significa e quais as consequências. Eu aguardo da PM explicações para que tenhamos isso muito claro e transparente.” Sobre o decreto, Beltrame respondeu: “Eu acredito que sim , [o decreto pode ser revogado. Nós precisamos analisar essas medidas para, criteriosamente, tomar uma medida”.

O pedreiro Amarildo desapareceu em 14 de julho, depois de ser levado por soldados da PM à sede da UPP da Rocinha para esclarecimentos. O comandante da unidade, major Edson dos Santos, alegou que ele foi ouvido e liberado em seguida, mas Amarildo continua sumido, o que provocou uma série de protestos tanto da comunidade quanto durante manifestações de rua, no Rio e até em São Paulo, com a frase "Cadê Amarildo?" estampada em faixas e cartazes, além de amplamente divulgada nas redes sociais.

O grupo AfroReggae teve sua sede no Complexo do Alemão incendiada no dia 16 de julho e um suspeito que chegou a ser preso acabou morrendo, vítima das queimaduras provocadas pelas chamas. Outra sede, localizada na Vila Cruzeiro, vizinha ao Complexo do Alemão e também ocupada pela polícia, foi alvejada por tiros, no último dia 1º. O AfroReggae desenvolve um trabalho social nas comunidades que poderia estar desagradando setores ligados ao tráfico de drogas.

Edição: José Romildo

Fontes EBC

Imagens Internet

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Corpo de Amarildo não foi encontrado

Polícia faz buscas na Rocinha por corpo de Amarildo

Amarildo Rocinha

Rio de Janeiro – A Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil destacou hoje (7) cerca de 50 agentes para as buscas pelo corpo do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde 14 de julho. Segundo o delegado Rivaldo Barbosa, responsável pelo caso, a polícia foi informada de que um corpo tinha sido encontrado na comunidade e os agentes foram até lá. Eles tiveram a ajuda de bombeiros, com cães farejadores. O corpo não foi encontrado, e as buscas prosseguem.

Em protesto, moradores da Rocinha e parentes do pedreiro Amarildo de Souza cobram informações sobre o desaparecimento do pedreiro que, após ser levado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) para averiguação, não voltou para casa

Em protesto, moradores da Rocinha e parentes do pedreiro Amarildo de Souza cobram informações sobre o desaparecimento do pedreiro que, após ser levado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) para averiguação, não voltou para casa (Fernando Frazão/ABr)

"O local vasculhado, conhecido como Dioneia, é uma área extensa de mata, que fica distante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Nós ainda estamos trabalhando com duas hipóteses: se o crime foi praticado por policiais militares ou traficantes", disse Barbosa.

Ontem (6), com base em depoimentos que havia colhido, a polícia fez investigações na Rocinha, com o objetivo de refazer os últimos passos de Amarildo. Hoje serão ouvidas mais quatro pessoas, entre elas policiais militares, que poderão ajudar a localizar o pedreiro.

O delegado também não descartou fazer uma reconstituição do caso. Na segunda-feira (5), ele ouviu 14 policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. Abordado por policiais na comunidade, Amarildo foi levado para a base da UPP e não foi mais visto.

Na manhã de sábado (3), agentes e o delegado da Divisão de Homicídios ouviram depoimentos e fizeram uma perícia na sede da UPP na comunidade. Peritos usaram luminol, sustância química que permite encontrar vestígios de sangue, mesmo que o local tenha sido limpo. O resultado do exame ainda não foi divulgado.

Os investigadores querem descobrir por que os aparelhos de GPS dos carros da UPP e duas câmeras de segurança da comunidade não estavam funcionando no dia do desaparecimento de Amarildo. Os policiais tentam encontrar imagens gravadas por câmeras de prédios e de pontos comerciais de São Conrado, na zona sul, que possam ajudar a esclarecer o caso.

Edição: Nádia Franco

Fonte EBC

Movimentos populares africanos

 

Movimentos populares

As lutas pela independência, golpes de estado e guerras civis

Prédio do governo egípcio queimado durante a "Primavera Árabe"Prédio do governo egípcio queimado durante a "Primavera Árabe"Em 2012, os países do norte da África passaram por uma série de transformações. ONova África dessa semana mostra as mudanças que alteraram o poder político e a percepção que os países ricos tinham dessa região. O programa vai à Tunísia e ao Egitopara entender como e porque esses dois países passaram por revoluções que derrubaram governos que se mantinham há décadas no poder.

Mesmo sem o patrocínio de partidos políticos ou organizações sociais, protestos surgiram nas ruas e praças públicas dos dois países. Com a ajuda apenas da internet e das redes sociais, jovens pediram a queda de regimes que não perceberam como a insatisfação popular crescia com rapidez.

A repórter Aline Maccari encontrou, na Tunísia, a família de Mohamed Bouazizi, o jovemtunisiano que se imolou em praça pública em protesto ao governo e se transformou num símbolo e num mártir do que depois se convencionou chamar “Primavera Árabe”. ONova África traz ao público brasileiro depoimentos de brasileiros como a artista plásticaAline Ducrow, que vive em Tunis e acompanhou toda a revolução.

No Egito, vamos conversar com políticos e com ativistas que participaram diretamente das manifestações na Praça Tahrir. O Nova África entrevista Ahmed Maher, um jovem engenheiro que, desde 2008, combatia o regime de Hosni Mubarak.

As idas e vindas de uma revolução que começou na internet e que até hoje não terminou são o tema do Nova África dessa semana que também descobriu no Brasil um professor que fugiu do Egito para se transformar numa das maiores autoridades científicas do país na área agrícola.

 

Em 2012, os países do norte da África passaram por uma série de transformações. O Nova África dessa semana mostra as mudanças que alteraram o poder político e a percepção que os países ricos tinham dessa região. O programa vai à Tunísia e ao Egito para entender como e porque esses dois países passaram por revoluções que derrubaram governos que se mantinham há décadas no poder.
Mesmo sem o patrocínio de partidos políticos ou organizações sociais, protestos surgiram nas ruas e praças públicas dos dois países. Com a ajuda apenas da internet e das redes sociais, jovens pediram a queda de regimes que não perceberam como a insatisfação popular crescia com rapidez.

Fonte Nova África

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Afreaka no metrô

O AFREAKA é um site que mostra um lado da África que foge dos estereótipos, explorando o jornalismo e o design, o projeto busca cobrir as expressões coletivas e individuais das culturas locais, mostrando uma África ativa e inovadora.

Exposição Afreaka no metrô de São Paulo

Através de financiamento coletivo, eles conseguiram realizar a primeira parte do projeto que resultou em mais de 90 reportagens, fotografias, ilustrações e entre outras coisas, uma exposição no metrô de São Paulo. A abertura oficial da exposição aconteceu ontem, dia 5 de agosto, mas dura durante todo o mês nas estações Paraíso, Corinthians-Itaquera e Artur Alvim. Para quem quiser visitar, a exposição é gratuita, tirando o preço da passagem.

Exposição-Afreaka-no-Projeto-Encontros---Ilustração

Para dar continuidade na iniciativa, o AFREAKA 2 já está pronto e pretende seguir pela Etiópia, Angola e pelo oeste africano. Serão mais seis meses de apuração para trazer ainda mais reportagens, além de uma seção de pequenas notas e artigos, dicas de artistas e eventos ligados ao tema e uma página colaborativa onde quem quiser mandar artigos sobre cultura africana, vai poder participar. Para colocar em prática a fase dois do projeto eles buscam colaboradores através do Catarse.

http://catarse.me/pt/afreaka2

Exposição-Afreaka-no-Projeto-Encontros---Cultura-Himba-na-Namíbia

Exposição-Afreaka-no-Projeto-Encontros---Dança-Marrabenta-em-Moçambique

Exposição-Afreaka-no-Projeto-Encontros---Deserto-Namib-Naukluft

Exposição-Afreaka-no-Projeto-Encontros---Grafite-em-Nairóbi

Exposição-Afreaka-no-Projeto-Encontros---Ilha-de-Moçambique

Exposição-Afreaka-no-Projeto-Encontros---Passeio-de-Mokoro-em-Botsuana

Exposição-Afreaka-no-Projeto-Encontros---Pintura-Indígena-Contemporânea

por Marina Milhomem