segunda-feira, 11 de abril de 2016

De volta à Vila Buarque

Sou da geração que gostava de se denominar de “68” em virtude das grandes manifestações mundiais que iniciaram-se na França e incendiaram a juventude e o mundo.

Foto reprodução Wikipedia

Naqueles idos do século passado (bom lembrar que o tempo passou), vivíamos numa área geográfica entre o Bar do Zé na Maria Antônia, a Quitanda e o Bar Redondo em frente ao Teatro de Arena. E nesse entremeio as Faculdades de Economia, Filosofia e Letras e a Sociologia e Política da USP, como oposição o Mackenzie (na época fora o quartel do CCC –Comando de Caça aos Comunistas) na “famosa batalha da Maria Antônia” em São Paulo.
Um forte clima de batalha ideológica existente no Brasil, mostrava o seu enfrentamento no meio estudantil, uma divisão entre Brasis... Hoje as manifestações são na Avenida Paulista, e o mesmo clima de intolerância, volta a existir. Armam-se locais diversos para os prós e contras do Impeachment à ser votado no Planalto. Bandeiras Vermelhas e Verde Amarelo, e nós que nas Diretas usamos o Amarelo como bandeira e o vermelho flutuava tranquilo...
Morava na rua Caio Prado, numa república, a Cidade Universitária na época usada como forma de dissociar os estudantes do centro da cidade que era no hoje chamado centro histórico, ainda erguia e com enorme relutância dos estudantes para ocuparem, um local longe do centro. As únicas faculdades que conseguiram o seu direito de permanecer foram a de Direito do Largo São Francisco e a Faculdade de Sociologia e Política.


Flyer da Casa Elefante


Domingo estive na rua Cesário Mota, 277 na Casa Elefante misto de bar, espaço artístico, apresentações, enfim tudo o que a Vila Buarque representou e representa. Um dos autores da proposta da Casa Elefante, Pedro Clash nos recebeu e deu um lindo flyer com imagem nostálgica de um menino num cais olhando o mar num horizonte longínquo.
Pedro numa apresentação do Fotroca, contava de como essa série foi feita na Inglaterra, outras fotos mostram o menino (seu sobrinho e afilhado) com uma banana mordida na mão. Pedro contava que a situação foi desenvolvendo-se entre o fotógrafo (ele) e o menino numa interação entre parentes e as imagens retratam esse momento mágico.


Foto do ensaio de Pedro Clash (Boy)


Você cria uma obra, e ela é recriada na mente dos que interagem. Em mim bateu forte e doído... Tenho uma filha no exterior que indignada com a situação no país, encontra como solução o aeroporto. Imaginei no sobrinho de Pedro na Inglaterra, o meu futuro neto (a) num cais vazio. Crio e imagino histórias e causos nas fotos do Pedro Clash, inexistentes mas reais na minha mente.
O que aparentemente é uma conversa do “Samba do Crioulo Doido” do Staniswlau Ponte Preta, contado o drama de autor de samba-enredo da época da ditadura, onde com muita informação você confunde e embaralha tudo, é um questionamento de uma época em que vivemos onde pede-se a volta da Ditadura, (Staniswlau poeta, dramaturgo intelectual morreu envenenado, coisas da época da ditadura). Hoje os interesses ocultos são tantos que você sente-se como num verso de Alceu Valença “um boi no meio da multidão”...

Voltar à Vila Buarque, perto da Biblioteca Monteiro Lobato, próximo à Faculdade de Sociologia e Política, entrar na Casa Elefante (misto de sarau, brechó e eventos) mostra como a vida era e é esfuziante na Vila Buarque. O criador cultural não é uma ilha, nem dá para ser um homem de sete instrumentos, há uma necessidade de compartilhamentos, saberes e conhecimentos. Compro livros da do Ricardo Bissera da “Editora Direto do Produtor”, e um cordel fotográfico do Sebá Neto produções independentes e artesanais, feliz da vida saio com uma sacola de plástico vermelha, com alegria e sem medo.

domingo, 10 de abril de 2016

Fotógrafos trabalhando!



Espera e tensão
Com a democratização das fotos digitais, o que era uma arte popularizou-se, câmeras tornaram cada vez menores e com mais recursos as “Power shots”. E cada um tornou um registrador de momentos, interessantes ou não. Com a internet e redes sociais um mostrar de intimidades corriqueiras que banalizam o ato de mostrar a realidade segundo sua visão.

Contato com a comunidade

Não falarei da importância da fotografia e dos vídeos, muitos já se falou. Minha geração pautava-se nas palavras de Glauber Rocha: “Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão.






Com os smartphones e com duas câmeras (frontal e traseira) os selfies e fotos posadas surgem a cada momento. A ponto de eu ouvir “pérolas de sábios” donos da verdade: ”fotografar todo mundo fotografa”, e um desmerecimento geral total e irrestrito pelo esforço do fotógrafo de plantão: “Você pensa que só você sabe fotografar?”.


Fotografia é uma arte e ciência cada vez mais avançando em tecnologia e cada vez mais você tem que ter conhecimento, e hoje em dia uma educação continuada, e sempre há quem sabe mais que você e ou tem um conhecimento novo.






Conferindo as fotos Sergio Cruz




Como trocar informações, compartilhar sonhos e projetos? Encontrei o pessoal do Fotroca através do Pedro Clash, na 41a. reunião no Palacete Carmelitas e tenho encontrado uma surpresa atrás da outra, um grupo coeso mostrando seus trabalhos contando suas formas de fazer e assim estimulando novas produções e parcerias. E mais acolhendo e celebrando com quem chega.


Os papos depois da reunião (que sempre são os melhores momentos) levaram-nos a conhecer o trabalho do grupo no registro da Festa do Rosário na Penha de França em São Paulo no dia 03/04/16. Trabalho de mais dez meses com mais de 3000 fotos de vários autores. Tamanho esforço que conversando com Carol Conti uma das idealizadoras do projeto, ao saber que esse trabalho era para um artigo, Jô Muniz exclamou:”Tem registro para um livro excepcional!”
Ricardo Biserra atento aos acontecimentos



Numa época de banalização e exposição de imagens o Fotroca surge como biscoito fino, registrando uma luta de resistência da cultura popular através da comunidade da Igreja do Rosário. A força do: “Viva o Povo Brasileiro” que João Ubaldo no seu romance, transparece nessa continuidade de luta. A esses fotógrafos o meu maior respeito por sua luta e profissionalismo.




Daniela Lucheta um olhar digital







Trabalho de equipe